Comerciante denuncia injúria racial de cliente contra funcionário, em Campina Grande

A dona de uma lanchonete prestou um Boletim de Ocorrência após uma cliente enviar mensagens de cunho racista contra um funcionário do estabelecimento, através de uma rede social, na terça-feira (8), em Campina Grande. A delegada da 6ª Delegacia Distrital, Mairam Moura, teve acesso ao B.O nesta quinta-feira (10) e iniciou uma investigação. Ela afirma que já instaurou o inquérito competente, expediu as intimações e solicitou a quebra de dados do número que enviou as mensagens.

Conforme o estabelecimento, o cliente teria enviado mensagens onde se dizia desconfortável por ter “avistado um funcionário de cor escura atendendo” e que não se sentia bem “sendo atendido por um negro”.

Na conversa, o funcionário que estava respondendo as mensagens questiona se as mensagens se tratavam de uma “brincadeira” e a pessoa diz que não e ainda que achava que o estabelecimento fosse “um local de família”.

Na captura de tela das conversas, os representantes do estabelecimento perguntam se houve alguma forma de desrespeito com o cliente, que afirma que não e que “o rapaz foi até educado conosco, mas a cor dele não se nega”.

O cliente, que não teve o nome divulgado, ainda diz que ter uma pessoa negra na equipe “mancha a imagem da lanchonete, não é questão de racismo” e que não é obrigada a ser atendida por um negro.

A delegada responsável pelo caso afirma que a princípio houve injúria racial contra o funcionário e racismo contra negros, porque no final da mensagem ofende a todos, mas que ainda vai ouvir a vítima para esclarecer os fatos.

O funcionário que a cliente se referia é o Gabriel Akhenaton. À TV Paraíba, ele informou que trabalha na lanchonete há três semanas e que recebeu as mensagens por meio dos donos do estabelecimento. “Eu fiquei chocado porque eu acreditava que esse tipo de coisa não existia mais. Eu sei que existe, mas não imaginava que pudesse chegar a um ponto tão baixo e que fosse me atingir tanto”, afirmou Gabriel.

Gabriel relatou que já havia sido vítima em outras situações.

“De perseguições relacionadas a racismo eu sempre fui alvo, mas foi a primeira vez que fui atingido de uma forma tão brusca”, disse.

Conforme uma das proprietárias do estabelecimento em entrevista à TV Paraíba, inicialmente, pensaram em não contar o que havia acontecido para, segundo ela, poupar Gabriel. Mas chegaram à conclusão que o fato não poderia ficar impune e decidiram fazer uma denúncia através do B.O online.

“Aqui não fazemos nenhum tipo de distinção. O que importa é que o funcionário faça o seu trabalho e foi o que respondemos para a cliente: aqui todos nós respeitamos e não aceitamos postura como a dela. A gente não precisa de clientes assim”, disse.

G1 PB