O urologista cearense André Abreu, 44, foi um dos profissionais da saúde a serem vacinados contra o coronavírus nos Estados Unidos, ainda nas primeiras etapas do processo de imunização no país. A primeira dose foi aplicada na última quinta-feira (17), e a segunda deve ser feita daqui a 20 dias.
“Eu não trabalho na linha de frente, mas estou no hospital todos os dias. Achei que não fosse ser selecionado para receber a vacina, mas, para a minha surpresa, recebi um e-mail da Universidade do Sul da Califórnia, que é onde eu trabalho, dizendo que eu poderia ser vacinado. Me deram cinco dias para escolher, e eu respondi de imediato”, relata.
O médico compara o processo de aplicação da vacina da Pfizer, aprovada pela FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, com a vacina da gripe, que recebe anualmente.
“É praticamente indolor. Recebi ontem e não tenho nenhum efeito colateral, estou me sentindo muito bem. O local da aplicação tem um pouco de dor, o que é comum a qualquer injeção, e nada mais que isso. Conversei com outros colegas que tomaram, e nenhum deles sentiu nada”, afirma.
Segundo ele, após a aplicação, não foram feitas contraindicações em relação ao consumo de alimentos, bebidas ou atividades físicas. Será necessário apenas receber uma dose de reforço em 20 dias.
‘Dias obscuros’
Formado em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Abreu reside nos Estados Unidos há 10 anos. Lá, ele teve seu título de médico validado e passou pelo processo requerido pelas agências regulatórias para permanecer no país. Em seguida, foi contratado pela Universidade do Sul da Califórnia para trabalhar como urologista.
Ele conta que, no início deste ano, os efeitos do coronavírus pareciam uma realidade distante vista apenas pelos noticiários. Poucos meses depois, tudo mudou. “Foram dias difíceis, obscuros. Quando decretaram o lockdown em Los Angeles, cidade onde eu moro, foi uma sexta-feira bem trágica. Parecia que a cidade estava de luto. Dirigíamos na rua e não víamos ninguém, nenhum carro”, lembra.
Hoje, em meio às dúvidas provocadas pela chegada da vacina, Abreu toma como exemplo os demais profissionais da saúde do país.
“Como médico, eu tenho que mostrar que essa vacina é segura e necessária, dar o exemplo à população. Fui afortunado de estar aqui no momento e ter sido escolhido. A vacina é segura, existem órgãos de regulamentação para avaliar a eficácia e a segurança desta vacina, esses órgãos são sérios. Todos os medicamentos que usamos hoje passaram por isso”, declara.
“Quando me ofereceram, a minha vontade era de passar a vacina para minha esposa e para os meus pais, nem queria para mim mesmo. Mas, recebendo, eu provavelmente não vou adoecer e nem trazer a doença para a minha casa. Minha esposa e meus filhos não vão adoecer, e essa corrente se propaga para outras pessoas”, pondera o urologista.
G1