Isabel Fillardis, 47, diz ter entendido a existência do racismo quando começou a trabalhar na TV. A atriz afirma que, enquanto era modelo, só se sentia incomodada com a questão da maquiagem, mas nunca tinha se atentado ao preconceito. “Quantas vezes, me vi com a pele cinza e isso doía”, contou, emendando em um episódio marcante que aconteceu enquanto fazia uma novela.
“As atrizes têm uma maleta com joias e adornos do figurino. No dia da prova de roupa, notei que a caixa de todas estava recheada e a minha, praticamente vazia. Lembro de ter falado: ‘Gente, só tem esses brincos pequeninos? Acho que essa mulher é mais poderosa'”. Sem ter sua reclamação ouvida, Fillardis pediu que um joalheiro desenvolvesse peças para melhor caracterização da personagem.
“Quinze dias depois cheguei ao estúdio e falei: ‘Olha o presente que ganhei para a personagem!’. Naquela altura, já era superconhecida, não cabia fazer aquilo. Vai dizer que foi o quê? Preconceito”, disse em entrevista ao jornal O Globo deste domingo (24), salientando que “as redes sociais deram voz ao povo preto”.
A artista falou também sobre os problemas de saúde que enfrentou. Primeiro, em 2007, uma doença autoimune na pele do rosto chamada líquen plano, que resultou, nas palavras de Fillardis, “em um grande melasma preto” que tomou conta de toda a face dela, culminando em uma alopecia. “A maquiagem não aderia, o que me impossibilitava de atuar e me fez perder um contrato com uma gigante da indústria da beleza. Estava proibida de tomar sol e de ter contato com luminosidade de qualquer tipo. Atravessei um longo período na penumbra”.
Em 2013, poucos tempo após o nascimento de seu filho caçula, Kalel, descobriu que aquilo que acreditava ser uma afta na língua era, na verdade um tumor maligno, que quase a deixou muda. “O cirurgião me falou que faria todo o possível para tirar um pedaço da língua sem comprometer a minha fala. Passei por duas cirurgias até ser considerada curada e, então submetida a 20 sessões de fonoterapia”, relembrou a artista, salientando que não é comum alguém com seu perfil, que não fuma, nem bebe, desenvolver este tipo de câncer.
Fillardis contou que entre 2017 e 2018, o pai de seus filhos –além de Kalel, a atriz é mãe de Analuz, 20 e Jamal, 17 – e ela estavam desempregados, o que quase a levou a passar fome. “O que colocou comida na minha mesa foi fazer o programa Dancing Brasil e, depois, a novela ‘Topíssima’, ambos na Record. A Xuxa tem muita importância na minha vida, serei eternamente grata a ela”.
Animada, Fillardis destaca estar cheia de projetos para o ano que se iniciou. “Gravei o EP ‘Bel muito prazer’ no fim de 2019 e veio a pandemia. Ele vai ser lançado em março. Em paralelo, estou finalizando um documentário sobre a minha trajetória musical, vou filmar o longa ‘O faixa-preta’ e publicar minha biografia no segundo semestre. Estou inteira: 2021 vai ficar marcado como o ano do meu renascimento”, finalizou.
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