Diretor do Butantan diz que Ministério da Saúde ainda não confirmou compra de mais 54 milhões de doses da CoronaVac

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, declarou nesta sexta-feira (12) que o Ministério da Saúde ainda não confirmou a compra de 54 milhões de doses da vacina CoronaVac, imunizante contra Covid-19 desenvolvido pelo instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

No final de janeiro, o Ministério da Saúde disse que a aquisição estava confirmada, e que as vacinas se somariam às 46 milhões de doses já adquiridas pela pasta junto ao instituto, totalizando 100 milhões de doses da CoronaVac para o governo federal.

No entanto, Dimas Covas disse nesta sexta que a pasta introduziu novas cláusulas no contrato que havia sido negociado entre as partes e que, por conta disso, o Butantan não assinou o documento.

“Nós trabalhamos neste contrato há cerca de 10 dias e, na última quarta-feira (3) nós remetemos ao ministério a versão que eu considerava final, e esperava a assinatura entre ontem e hoje [sexta-feira]. E hoje chegou uma versão modificada do contrato”, disse Dimas Covas em entrevista à GloboNews nesta sexta.

“Portanto, mais uma vez, nós fizemos chegar ao ministério que não assinaremos, dado que nós já tínhamos chegado a um acordo. Como houve essa mudança, nesse momento o contrato ainda não foi assinado”, completou.

No dia 29 de janeiro, o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, disse que a pasta ia exercer seu direito de aquisição e anunciou a compra das 54 milhões de doses.

“Nós estamos exercendo a nossa opção de contratação das 54 milhões adicionais da fundação Butantan de forma a totalizar 100 milhões de doses para imunização da população brasileira”, disse Élcio Franco, no final de janeiro.

O contrato para a inclusão da vacina no Plano Nacional de Imunização (PNI) já previa a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, com entrega até 30 de abril. Com a inclusão de outras 54 milhões de doses, o valor chegaria a 100 milhões.

Ministério da Saúde vai comprar lote extra da CoronaVac

Ministério da Saúde vai comprar lote extra da CoronaVac

Críticas ao ministério

O diretor do Butantan disse em entrevista à GloboNews que a inclusão de novas cláusulas por parte do Ministério da Saúde causa estranhamento.

“São cláusulas adicionais que nós não havíamos avaliado. O fato de você introduzir cláusulas adicionais em um contrato que já estava negociado causa uma certa espécie. Quando você chega a um documento final, e acha que ele está pronto para a assinatura, e aí vem a modificação, eu fico temeroso que possa retardar esse processo”, disse Dimas Covas nesta sexta (12).

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan. — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Apesar das críticas ao ministério, o diretor afirma que o cronograma de produção do Butantan está mantido, e que o instituto vai envasar as 54 milhões de doses com ou sem acordo com a pasta.

“Da nossa parte está tudo em andamento, essas 54 milhões de doses já estão em produção lá na China. Nós devemos receber os primeiros lotes já em março. Portanto nós vamos produzir essas 54 milhões de doses com ou sem contrato com o ministério, porque nesse momento o que mais se precisa é vacina, e nós temos essa possibilidade”, disse Dimas Covas.

O cientista também prometeu que, no dia 23 de fevereiro, será enviado um novo lote de doses da CoronaVac para o governo federal.

“A partir do dia 23 nós iniciamos a distribuição de 600 mil doses de vacina para o ministério, e pretendemos não parar mais. É cumprir o primeiro contrato de 46 milhões e já prosseguir com as 54 milhões. Espero que essa questão contratual seja resolvida muito rapidamente e isso não tenha impacto nas próximas etapas de vacinação”, declarou.

G1