Cidade de SP estuda suspender velórios após recorde de enterros

A Prefeitura de São Paulo estuda suspender os velórios e concentrar os sepultamentos em dois cemitérios da capital paulista para melhorar a logística, depois que a cidade bateu o recorde com 419 sepultamento em um único dia.

Em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (5), Alexandre Modonezi, secretário das Subprefeituras, disse que a gestão municipal começou a implementar algumas medidas estabelecidas em um plano de contingenciamento criado em 2020, como a contratação de mais sepultadores, veículos e torres de iluminação para os enterros noturnos.

Ele afirmou que outras ações poderão ser adotadas se o número de sepultamentos continuar crescendo em São Paulo e ultrapassar os 500 por dia.

“Caso a gente tenha um crescimento muito grande, vamos fechar praticamente todos os cemitérios e trabalhar com dois – o Formosa 1 e 2, e o São Luís. Isso já foi feito em outras crises sanitárias do país pela logística”, explicou Modonezi.

E emendou: “A cidade é muito grande, e, se concentrar o esforço dos sepultadores, da mão de obra e das agências em dois lugares, conseguimos atender a demanda, que está fora da normalidade. Esse seria um caso extremo, esperamos que não aconteça, mas monitoramos a situação diariamente”.

O secretário acrescentou que a medida demandaria a suspensão dos velórios para evitar a aglomeração de pessoas, que poderiam ao menos acompanhar os sepultamentos.

No mês passado, agentes funerários da cidade de São Paulo relataram filas de corpos de vítimas da Covid-19 para remoções até velórios e cemitérios, quando uma empresa terceirizada assumiu o controle da logística dos traslados. Segundo eles, a falta de expertise da nova equipe atrasava o trabalho em um momento que já era de alta demanda.

A maior parte dos sepultamentos na cidade de São Paulo já está sendo gradualmente concentrada em alguns cemitérios. De acordo com Modonezi, a Prefeitura de São Paulo transferiu os jazigos públicos disponíveis para os cemitérios Formosa 1 e 2, São Luís e Itaquera para melhorar a logística do transporte e o sepultamento de corpos.

Os outros cemitérios, como o Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte, seguem com sepultamentos apenas nos jazigos infantis e particulares.

Coveiros realizam sepultamento noturno no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, nesta quinta-feira (25). Com a alta demanda de enterros, horário foi estendido até as 22h pelo governo de SP — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Coveiros realizam sepultamento noturno no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo, nesta quinta-feira (25). Com a alta demanda de enterros, horário foi estendido até as 22h pelo governo de SP — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Mudanças já implementadas

Outro anúncio feito pelo secretário das Subprefeituras é a locação de duas câmaras frias para ampliar os espaços de armazenamento das urnas até a cremação, na Vila Alpina.

“A capacidade da cidade é de 48 cremações por dia. Estamos com uma média de 35 por dia. Como já tivemos 2 dias com aumento significativo na demanda pelo sepultamento, estamos alugando essas câmaras para ampliar em 36 espaços a guarda de urnas. Dois contêineres refrigerados serão posicionados ao lado do crematório da Vila Alpina, na área externa, explicou Alexandre Modonezi.

De acordo com ele, 15 vans escolares já estão sendo utilizadas no transporte de corpos de pessoas mortas por Covid na cidade. Com o aumento dos enterros, a Prefeitura de São Paulo contratou 50 carros particulares, que serão gradualmente adaptados para o Serviço Funerário.

Em fevereiro, a Prefeitura de São Paulo ampliou a vacinação contra a Covid-19 para categorias de profissionais que lidam diretamente com pacientes com coronavírus, incluindo coveiros, cremadores e condutores de veículos funerários, todos já vacinados, de acordo com o secretário das Subprefeituras.