O governo de São Paulo pediu ao Ministério da Saúde o envio em até 24 horas dos medicamentos que fazem parte do chamado “kit de intubação” para evitar colapso no atendimento de pacientes internados em UTI em estado grave com Covid-19 nos hospitais do estado.
A solicitação consta em ofício assinado pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, enviado ao Ministério nesta terça-feira (13), com cópia para a procuradora geral do estado, Maria Lia Porto Corona.
“É imprescindível o envio de medicamentos para o estado de São Paulo em até 24 horas, minimamente para suprir o abastecimento de 643 hospitais pelos próximos 10 dias”, afirmou o secretário no pedido.
No documento, Gorinchteyn diz que o Ministério da Saúde manteve o estado de São Paulo sem fornecimento de medicamentos por 6 meses, que não esclarece qual o critério adotado para distribuição, e que a pasta “não atuou e não atua como coordenadora nacional do SUS, abandonando os demais entes federativos à própria sorte, criando um cenário de quase caos na disputa por medicamentos do ‘kit intubação’”.
Em coletiva de imprensa na sede do Instituto Butantan na manhã desta quarta (14), o secretário afirmou que nos últimos 40 dias foram enviadas ao governo federal nove solicitações alertando sobre o risco de desabastecimento dos medicamentos em diversos municípios do estado.
“Em 40 dias, a Secretaria do Estado da Saúde mandou o quantitativo de nove ofícios para o Ministério da Saúde. Ontem foi o último ofício que nós mandamos porque nós precisamos do apoio do governo federal para aquisição centralizada dos kits intubação. São dois grupos de medicações que realmente causam disputas para todos os entes federais e também municipais. De neuromusculares e anestésicos”, afirmou o secretário.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde reforçou que a última entrega do governo federal para São Paulo ocorreu no final de março, com 6% do que é preciso para atender a demanda mensal da rede pública do estado.
O kit é composto por sedativos e neurobloqueadores, que são usados para relaxar a musculatura, a caixa torácica e ajudam os pacientes permanecer com ventilação mecânica e a suportá-la. Em março, o ministério de determinou a requisição administrativa desses medicamentos.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que já distribuiu aos estados e municípios mais de 8 milhões de medicamentos para intubação de pacientes ao longo da pandemia, e que nesta semana um grupo de empresas vai doar mais de 3,4 milhões para distribuição imediata. A pasta também informou que dois pregões e uma compra direta via Organização Panamericana de Saúde (OPAS) estão em andamento.
Desabastecimento
Nesta quarta, o governador João Doria responsabilizou o Ministério da Saúde pelo desabastecimento do “kit intubação” pelo país.
“É a irresponsabilidade do Ministério da Saúde pela determinação de um confisco que não produziu nenhum resultado exceto o drama da dificuldade de termos insumos para intubação em todo o Brasil. O problema é de todos os estados e municípios. Cobro o Ministério da Saúde de atividades corretas e a liberação dos fabricantes. Nada de estabelecer mais sequestro. Libere. Se não tem capacidade administrativa nem logística, deixe que os estados sabem fazer”, disse o governador nesta manhã.
Ele também esteve na sede do Butantan para acompanhar a liberação de 1 milhão de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI).
Doria também disse ter determinado a compra emergencial de medicamentos para intubação “para garantir um período de 30 a 40 dias desses materiais para os hospitais municipais, estaduais e filantrópicos” do estado.
Na terça (12), a gestão estadual havia informado que os estoques dos medicamentos eram suficientes para, no máximo, nove dias.
Um levantamento feito pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do estado, que acompanha a situação nessas unidades, revelou que cerca de 300 hospitais filantrópicos e Santas Casas do estado têm os remédios necessários para a intubação de pacientes em estado grave de Covid-19 para apenas três dias.