O ministro da Casa Civil, General Luiz Ramos, afirmou que tomou a vacina contra a Covid-19 escondido da imprensa por orientação do Planalto. A declaração, divulgada pela Rádio CBN, foi feita em uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, nesta terça-feira, que estava sendo transmitida ao vivo pela internet sem o conhecimento do ministro.
“Tomei escondido, né, porque a orientação era para não criar caso, mas vazou. Eu não tenho vergonha, não. Tomei e vou ser sincero. Como qualquer ser humano, eu quero viver, pô. E se a ciência está dizendo que é a vacina, como eu posso me contrapor?”, questionou Ramos.
Um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro, Ramos ainda contou na reunião que está fazendo esforços para convencer o chefe do Executivo a tomar a vacina. Com 66 anos, Bolsonaro faz parte do grupo prioritário de vacinação e já poderia ter tomado o imunizante no Distrito Federal há quase um mês.
“Eu estou envolvido pessoalmente tentando convencer o nosso presidente (a tomar a vacina), independente de todos os posicionamentos. Nós não podemos perder o presidente por um vírus desse. A vida dele, no momento, corre risco”, desabafou para outros ministros que também estavam na reunião.
Apesar das declarações, Ramos já havia declarado nas redes sociais, ainda em março, antes de ser vacinado, que “estava pronto para a vacina”. A publicação foi acompanhada de uma peça de publicidade do governo que dizia “vacinar para o Brasil não parar”.
“Há cerca de 5 meses fui infectado com a covid-19 e, graças a Deus, tive poucos sintomas. Com a nova cepa, sei que posso me contaminar novamente. A vacinação é a melhor saída para este mal e é por isso que o Governo está trabalhando dia e noite. Estou pronto para a vacina”, escreveu Ramos no Twitter.
Os esforços entre aliados para que Jair Bolsonaro tome a vacina não é um movimento novo no Planalto. O presidente chegou a considerar a vacinação com o argumento de que as novas cepas do vírus em circulação no Brasil têm uma letalidade maior. Segundo a reportagem da CBN, o Ministério da Saúde chegou a se preparar para uma cerimônia em que o presidente seria imunizado pelo médico e chefe da pasta, Marcelo Queiroga, mas de última hora Bolsonaro teria desistido.
Alguns meses antes, Bolsonaro chegou a dizer que não tomaria imunizantes contra a Covid-19 porque considerava estar imune à doença após ter contraído o vírus em julho do ano passado, ideia que não possui embasamento científico. Mas depois, assumiu publicamente pela primeira vez a possibilidade de se vacinar “lá na frente”.
“Teve uma reunião de ministros em que quase unanimidade achou que eu devia me vacinar. Eles falaram né. Mas, com todo respeito, eu sou mais eu sozinho do que os 23 juntos. Agora, eu pretendo dar a chance para que todos se vacinem. Eu me sinto muito bem. Eu já estou aqui imunizado. Eu peguei o vírus em meados do ano passado. Estou muito bem”, disse o presidente em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band, no início de março.
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