Tipicamente nordestina, a vaquejada é um símbolo da resistência cultural de nossa região. A prova que a cultura do esporte vaquejada faz parte do patrimônio nacional, é que existe uma Lei específica para o segmento. Foram regulamentadas as práticas de vaquejada, rodeio e laço, através da Lei Nº 13.873, de 17 de Setembro de 2019.
No Brasil, o esporte movimenta cerca de R$ 800 milhões de reais por ano, gerando mais de 120 mil empregos diretos e 600 mil indiretos. Com cerca de 4 mil provas anuais, os eventos reúnem um público circulante de aproximadamente 700 mil pessoas.
A vaquejada estar enraizada na alma da nossa gente, basta observar os pequenos e grandes parques de vaquejadas construídos, nas propriedades rurais a beira das margens das rodovias ‘Nordeste a fora’.
Recuo do governo de Pernambuco na liberação das vaquejadas gera prejuízo
Associação Brasileira de Vaqueiros (Abvaq), argumenta que no Estado de Pernambuco o setor gera mais de 100 mil empregos (diretos e indiretos); movimenta 70 leilões em todo o estado, com um plantel de aproximadamente 65 mil cavalos e mais de 140 parques de competições, além de cinco fábricas exclusivas para ração animal (cavalos e gado).
Segundo a Abvaq, o governo pernambucano autorizou o setor a retomar as atividades até a última terça-feira (20/04). Mas, empresários, pequenos comerciantes e agricultores familiares foram surpreendidos com o recuo da administração estadual em voltar proibir o retorno das competições, pelo menos, até o próximo dia 9 de maio.
Representantes da Associação Brasileira de Vaqueiros (Abvaq) enfatizam que a medida trouxe sérios prejuízos para todos os envolvidos. Não apenas os empresários, organizadores de eventos, competidores, mas principalmente aqueles que vivem da agricultura familiar ou de subsistência.
“Essas pessoas se viram impedidas, de uma hora para outra, de comercializar seus produtos nas feiras que acontecem junto com as vaquejadas e agora enfrentam sérias dificuldades. A associação reforça que todos os protocolos sanitários vinham sendo observados nas vaquejadas, que eram realizadas sem presença de público”, enfatizou Heber Carlos da Abvaq.
Na Paraíba a realidade não é diferente
Há 16 anos, situado as margens da BR 420 em Sumé no Cariri Paraibano, o Parque Haras Vila Cowtry, é o palco da realização da maior vaquejada da região, que passou a ser chamada: “Vaquejada de Sumé”. Podendo ser considerada um patrimônio cultural e turístico do município; que todos os anos se enche de turistas e movimenta o comércio em suas variadas atividades.
O evento também proporciona excelentes oportunidades de marketing para quem associa sua marca a vaquejada. Promovida por Macarrão Tibiu, sedia os Estados da Paraíba e Pernambuco, tornando-se um dos maiores e mais bem organizados Campeonato de Vaquejada da Federação.
Segundo Macarrão, a cada edição são oferecidos mais de cem empregos diretos e cerca de mil indireto: tratadores, motoristas, veterinários, garçons, barraqueiros, músicos, pessoal da limpeza, curraleiros, canceleiros, calzeiros, eletricistas, marceneiros e tantos outros profissionais que vivem na vaquejada e exclusivamente dela.
“O investimento por edição supera os R$ 500 mil reais, incluindo a premiação e o custo com aluguel da boiada e a manutenção do parque, além da folha de pagamento do pessoal envolvido. Lembrando, que em edição normal (sem pandemia) o público circulante, durante os quatro dias de prova, chega a mais de 40 mil pessoas, com o pique de presença no sábado à noite, nos dias de shows, e no domingo por conta das disputas”, explicou a geração de renda o empresário e vaqueiro Macarrão.
Empresário e vaqueiro há 30 anos no município de Livramento no Cariri Paraibano, Romero Brito é um amante da vida do gado e investidor no ramo da vaquejada. Assim, como milhares de pessoas envolvidas com o esporte e prejudicadas pela pandemia, enfatiza que os trabalhos dentro do segmento devem voltar as atividades.
“Além de ser cultura, a vaquejada é responsável por movimentar as economias regionais e locais. Gerando emprego e renda de forma direta e indireta”, defendeu o vaqueiro e investidor Romero.
Outro segmento que vem sofrendo com a falta da atividade é o setor de Comunicação. O profissional Marcelo Locutor, há vinte anos realiza locução em vaquejada, para ele uma atividade socioeconômico e cultural deve ser observada pelos governantes.
“Seguimos um protocolo de trabalho. Muitos parques evitam a aglomeração. Em sua estrutura temos, por exemplo: arquibancadas isoladas”, informou o locutor.
O profissional ainda afirmou que há uma falta de vontade política, mediante as decisões tomadas para o momento. Levando em consideração que milhares de pessoas depende da vaquejada.
“Retornamos as atividades no ano passado e seguimos os protocolos. No estado do Rio Grande do Norte já foi liberada a vaquejada. Agora, temos uma previsão de retorno no estado de Pernambuco. Infelizmente vejo tudo isso como acordos políticos particulares”, observou Marcelo Locutor.
Nosso compromisso!!!
Para tanto, nosso papel como imprensa, em especial o Site Cariri Em Ação é contribuir para o desenvolvimento de segmentos coletivos e individuais. Estamos no mesmo momento de dificuldade, mas, torcemos para que todos unidos encontremos uma saída.
Estamos ansiosos, para ouvirmos: “Abra a porteira e manda boi”… Valeu o boi. A vaquejada é 10!!!
Por: Marcos Lima (Cariri em Ação)