O Ministério da Saúde rebateu nesta quinta-feira (29) o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e afirmou que as 100 mil doses da vacina Coronavac não estavam perdidas em um depósito, mas separadas para serem distribuídas aos estados junto a uma remessa maior de imunizantes.
Em passagem por Guarulhos (SP), onde ficam armazenadas todas as vacinas e insumos adquiridos e distribuídos pelo Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, secretário-executivo da pasta, disse que os 100 mil imunizantes contra o coronavírus faziam parte de um pedido de antecipação do governo ao Instituto Butantan, e que eles estão armazenados desde o dia 22 de abril no depósito.
Segundo o secretário, o governo solicitou ao Butantan a antecipação de algumas doses de Coronavac para atender a uma demanda judicial, que determinou o envio de 75 mil doses à Paraíba e a alguns estados e municípios que precisam da segunda dose da vacina. O ministério teria pedido o máximo de doses possível.
“O Butantan conseguiu antecipar e entregar ao ministério no dia 22 de abril 180 mil doses, 75,1 mil para serem enviadas à Paraíba, para cumprimento da decisão judicial, e outras 104,8 mil, encaminhadas na pauta ontem [28]”, afirmou Cruz.
Pela manhã, Doria escreveu em um perfil de rede social que era inacreditável que 100 mil doses de vacina do Butantan estivessem esquecidas em um centro de distribuição em São Paulo.
“O povo precisando de vacinas e o governo federal esquece vacinas em depósito. Vergonhoso”, disse.
A justificativa para o armazenamento no centro de distribuição por seis dias é que os produtos seriam agregados a uma leva de vacinas da AstraZeneca, totalizando 5,2 milhões de doses. Elas foram encaminhadas ontem à noite para estados e municípios, segundo o ministério.
“Elas ficaram em Guarulhos para se somar às da AstraZeneca e para enviarmos um carregamento maior aos estados, porque a gente sabe que 100 mil doses é uma quantidade pequena para distribuir ao Brasil inteiro, então houve um somatório”, afirmou Cruz.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, também presente no evento, limitou-se a afirmar que o foco do governo é trabalhar em parceria com estados e municípios para conscientizar a população brasileira em relação às medidas não farmacológicas para evitar o contágio pelo vírus.
“E pedir a vocês da imprensa que nos ajudem a orientar os brasileiros para vencer essa grande dificuldade”, disse, sem comentar a marca de 400 mil mortes pela Covid-19, atingida nesta quinta.
O Brasil ultrapassou 400 mil óbitos provocadas pelo coronavírus, 14 meses após a detecção da doença no Brasil e apenas 37 dias depois de registrar 300 mil óbitos. Às 12h41 desta quinta, o consórcio de veículos de imprensa formado por Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1, Extra e UOL registrava 400.021 mortes no país, com mais de 14,5 milhões de casos desde fevereiro de 2020.
É o segundo maior saldo absoluto de mortos no mundo, superado apenas pelos mais populosos Estados Unidos (574 mil), onde a epidemia já dá sinais de declínio.
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