Não há problema político com a China que atrapalhe produção de vacinas, diz chanceler

 Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fazer novos ataques à China, o ministro Carlos Alberto França (Relações Exteriores) disse nesta quinta-feira (6) que não há problema político entre Brasil e o país asiático que possa atrapalhar a produção de vacinas contra a Covid-19.

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, França afirmou que o embaixador do Brasil no país asiático, Paulo Estivallet, informou, nesta manhã, que o governo chinês autorizou a exportação Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) previsto para o mês de maio.

“Lembrando o embaixador Estivallet que hoje, 6 de maio, é o primeiro dia útil na China. E que a liberação do IFA feita em abril ocorreu na mesma data. Na diplomacia da saúde, temos atuado junto aos governos estrangeiros, Índia, China, no sentido de garantir essa matéria primária”, disse.

“Quero dizer que eu acho que não há nenhum problema político nessa questão que permeie ou atrapalhe a nossa produção de vacinas aqui”, completou.

França contou que Antônio Imbassahy, representante do governo de São Paulo em Brasília, e a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, pediram que ele ajude a garantir o fornecimento de insumos para a produção das vacinas.

A direção do Instituto Butantan afirmou que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com críticas à China afetam a liberação de insumos pelas autoridades daquele país.

Ao lembrar que 80% do IFA exportado pela China veio para o Brasil, o chanceler afirmou que os dois países “são grandes parceiros e não há razão para que deixemos de ser”.

Nessa quarta-feira (6) Bolsonaro sugeriu que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a Covid pode ter sido criada em laboratório — ecoando tese que não encontra respaldo em investigação da OMS sobre as possíveis origens do vírus.

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, disse o presidente em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. “Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês.”

Mais tarde, Bolsonaro disse que não havia citado os chineses nas declarações.

“Eu não falei a palavra China no meu discurso. Sei o que é guerra bacteriológica, guerra química, guerra nuclear porque tenho formação. Só falei isso, mais nada”, disse ele no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio.

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