O Chile realiza neste domingo e segunda-feira eleições gerais para prefeito, governador e para a escolha de representantes para a Convenção Constitucional.
É uma super eleição. Terá 14,5 milhões de eleitores. Serão escolhidos 345 prefeitos, 2.252 vereadores, 16 governadores e 155 representantes para a Convenção Constitucional.
Os governadores serão os primeiros escolhidos pelo voto direto e popular e, imagina-se, que o mais importante é que o Chile está elegendo uma convenção para redigir uma nova Constituição, já que a atual é de 1980, ainda da ditadura de Augusto Pinochet.
Mas não é esse o acontecimento mais importante nas eleições chilenas. A novidade, com ineditismo sem igual na história, é que a eleição para a Convenção Constitucional será a primeira com paridade de gênero no mundo. Paridade de candidatos e paridade de eleitos.
Isso mesmo: para cada homem eleito haverá também uma mulher eleita. Lá, havia uma cota de 30% de candidaturas para mulheres, como aqui no Brasil. Nunca funcionou.
Interessante é que, apesar de inédito e surpreendente, o fato nem está obtendo a repercussão internacional que deveria gerar. Assim como não teve o fato da conquista da eleição paritária no ano passado. E como também não teve o protagonismo do movimento feminista chileno nos protestos de 2019, onde tudo teria começado.
Sabe-se que, de repente, irrompeu-se um grande movimento de protestos de rua em outubro de 2019 em Santiago por causa do aumento no preço de passagens de transporte coletivo, que a repressão foi violenta, produzindo mais de 30 mortes e mais de 1.200 presos e que o movimento se prolongou por vários meses.
A violência e o machismo da imprensa nunca destacaram que movimento de protesto era essencialmente de mulheres e o que movimento feminino chileno ainda hoje denuncia a tortura e o estupro de várias mulheres, o que serviu de razão para a continuidade da luta.
No ano passado, o movimento feminista lançou uma performance denunciando a opressão e decidiu participar do plebiscito em favor da nova Constituição. As eleições no Chile, com a obrigatoriedade do voto, costumavam contar com apenas cerca de 50% de participação. O plebiscito contou com comparecimento de 78,27%, com a surpresa da aprovação da convocação da Convenção Constitucional e, depois, da eleição com paridade de gênero.
É bom ver tudo isso que as mulheres estão aprontando no Chile e acompanhar que soluções elas darão para a saúde, educação e previdência, todas privadas por por lá.
Com site Josival Pereira