CPI da Covid mira auxiliar de Pazuello para avançar em investigações sobre vacina indiana

A cúpula da CPI da Covid vai aprofundar as investigações sobre a atuação de Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde.

Integrantes da cúpula da CPI afirmaram à TV Globo que, por meio dessa nova linha de apuração, pode ser possível entender por que o governo federal priorizou a vacina indiana Covaxin, com atuação direta do presidente Jair Bolsonaro.

As doses da Covaxin são mais caras, o prazo de entrega é mais longo e a negociação para a importação envolveu uma empresa intermediária, a Precisa Medicamentos – o que foge ao padrão das negociações e contratos de outras vacinas.

Que vacina é essa? Covaxin

Que vacina é essa? Covaxin

Senadores decidiram pedir a quebra dos sigilos de Lial Marinho após um servidor do Ministério da Saúde ter afirmado, em depoimento ao Ministério Público Federal, que sofreu pressões “anormais” para superar entraves da Covaxin na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em março, a agência negou autorização para importação de 20 milhões de doses da vacina e também negou — por questões sanitárias, de controle de qualidade e de segurança na fabricação — certificação de boas práticas de fabricação à Bharat Biotech, empresa de biotecnologia indiana que desenvolveu a Covaxin.

O depoimento do servidor foi obtido pela CPI e fundamentou um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, para a quebra de sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário de Lial Marinho.

Ao Ministério Público, o servidor afirmou que as pressões eram feitas por meio de mensagens de texto, e-mails, telefonemas e pedidos de reuniões.

No depoimento, o servidor afirma que o alto escalão do Ministério da Saúde pediu que fosse encontrada a “exceção da exceção” junto à Anvisa, para que os entraves (para a aplicação da vacina) fossem superados.

A comissão já aprovou as quebras de sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário de Francisco Maximiano, executivo da Precisa Medicamentos. Ele será ouvido pela CPI na próxima quarta-feira (23).

A nova frente de investigação será discutida, nesta segunda (21), em reunião do chamado “G7”, grupo majoritário na CPI da Covid, formado por senadores de oposição e independentes.

Os senadores também vão discutir as viagens da médica Nise Yamaguchi pagas em dinheiro vivo, como apontam documentos enviados à CPI, informou Randolfe Rodrigues .

Segundo o senador, os documentos que chegaram à CPI indicam que Nise Yamaguchi fez pelo menos 16 viagens a Brasília.

“Ela tinha dito na CPI que não tinham sido mais do que quatro ou cinco. Dessas 16 viagens que ela fez a Brasília, todas foram pagas com dinheiro em espécie . Você utilizar dinheiro vivo pra compra de passagens se assemelha a um movimento para não deixar o rastro do dinheiro”, afirmou.

Nesta semana, a CPI da Covid ouvirá depoimentos do ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) e do assessor internacional da Presidência da República Filipe Martins.

g1