‘Está sendo uma loucura’, diz mãe de Douglas Souza sobre mudança em rotina após jogador da seleção virar fenômeno em redes sociais

A conquista de centenas de milhares de seguidores nas redes sociais nos últimos dias pelo ponteiro Douglas Souza, da seleção brasileira de vôlei masculino, refletiu não apenas na rotina do atleta na internet como na dos pais.

Moradores de Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo, onde o jogador nasceu e cresceu, eles viram os pedidos de entrevistas se multiplicarem na última semana, assim que o jeito bem humorado de Douglas caiu na graça dos internautas.

“Aqui está sendo uma loucura esses dias pra gente. Meu Instagram tem bastante gente entrando, nem que seja só para olhar. Não estou dando conta de responder a todos. Tem muitas entrevistas”, contou Elizangela Salles, mãe do ponteiro.

Acordar o colega de quarto aos gritos por causa de um besouro, sambar sobre a cama que ganhou a alcunha de “antissexo”, apelidar o teste para coronavírus de coleta do “veneno”… Foram vários os momentos engraçados que povoaram as publicações de Douglas nos últimos dias.

O clima engraçado seguia durante a interação com internautas, quando ele tirava o tempo para responder perguntas deles.

Para Elizangela, esse alto astral não é novidade. “Sempre foi muito sarcástico em momentos e sempre levou as coisas por um lado mais brincalhão”, revelou a mãe. Segundo ela, a viralização dos vídeos apenas deu mais fama para a personalidade do jogador.

Douglas Souza bomba nas redes com rotina na Vila Olímpica em Tóquio — Foto: Reprodução/Instagram

Douglas Souza bomba nas redes com rotina na Vila Olímpica em Tóquio — Foto: Reprodução/Instagramhttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O ponteiro também utilizou as redes sociais para matar a curiosidade de seus seguidores e revelar detalhes da rotina na Vila Olímpica, da estrutura aos procedimentos necessários para prevenção à pandemia de Covid-19.

Talento de infância e saudade

Em depoimento ao GloboEsporte, Douglas descreveu a proximidade que sempre teve com a família desde criança. E foi já nessa época que a família percebeu que o garoto tinha um talento especial, que chamava mais a atenção do que em outros esportes que praticava, como ginástica, handebol e capoeira.

“Ele tinha um talento que era só dele, sempre foi diferenciado, então já cedo sabia que daria frutos com o esporte. Ele tinha o vôlei na veia”, revela a mãe.

Douglas Souza na infância, em Santa Bárbara d'Oeste — Foto: Arquivo pessoal

Douglas Souza na infância, em Santa Bárbara d’Oeste — Foto: Arquivo pessoal

Com a ascensão na carreira, inevitavelmente, vieram as viagens constantes e a necessidade de adaptação à distância.

“Acabamos ficando com o coração mais forte, resistente a saudades, até por que não é legal mostrar a ele que estamos sofrendo com a ausência dele. Tem época que a saudade aperta muito e corremos para a casa dele e passamos uns dias por lá”, conta a mãe.

Em Tóquio, a torcida vai ser pela TV. “Não tem como seguir ele. Jogador não tem parada”, observa.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Homossexualidade

Também em depoimento ao GE, Douglas contou que sua homossexualidade foi aceita com naturalidade pela família.

“Eu tinha outras prioridades na minha vida além de me preocupar em contar para os meus pais de quem eu gosto. Eu não tinha muito essa vibe, não. E depois foi muito tranquilo. Eu cheguei em casa namorando um menino e não parei para contar que sou gay. Foi super natural, do jeito que tem que ser”, relatou.

“Ele nunca precisou dizer nada para a família inteira. Olhamos os próximos com amor no coração. Enxergamos amor”, diz a mãe.

Douglas e os pais, que moram em Santa Bárbara d’Oeste: mãe revela saudades e “escapadas” para visitar o filho — Foto: Reprodução/ Instagram

O jogador também revelou no depoimento que já foi alvo de preconceito, mas que é necessário desconstruir e lutar contra a homofobia.

“Fico extremamente triste com certas atitudes, até mesmo de pais e familiares que não conseguem apoiar seus filhos. Se não tem esse apoio em casa, como vamos pedir respeito aos de fora? Não faz sentido isso para mim. Direitos e igualdades devem ser para todos”, acrescenta Elizangela.

A última mensagem que a mãe passou ao filho antes da viagem para Tóquio diz respeito a liberdade:

“Disse que era para aproveitar ao máximo e ser feliz e ser ele mesmo. Disse: ‘vá o mundo é seu'”.