As compras online feitas com cartão de crédito, débito ou pré-pago ganharam força durante a pandemia e atingiram R$ 135,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, um aumento de 46,5% em relação a igual período de 2020.
Considerando os seis primeiros meses do ano, essas compras somaram R$ 255,2 bilhões, alta de 41,2% na mesma base de comparação. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços).
Além de ganhar força diante das medidas de isolamento social e fechamento do comércio físico durante a pandemia, o movimento também acompanha o surgimento de novos ecommerces.
“O número de lojas online criadas nos últimos 12 meses foi, em média, de quase 800 por dia. Isso, por si só, já indica como o mundo online tem uma participação importante na indústria. Sem sombra de dúvidas o mundo físico vai voltar com força, mas [o comércio virtual] é algo que deve continuar com um crescimento importante na indústria”, disse Pedro Coutinho, presidente da Abecs.
Do total do segundo trimestre, a principal modalidade utilizada nas transações online foi o crédito, com R$ 129,5 bilhões. As operações com cartão de débito somaram R$ 4,2 bilhões no período, enquanto o cartão pré-pago totalizou R$ 1,4 bilhão.
As compras online foram 22,2% do total transacionado pelo setor no segundo trimestre — eram 23% um ano antes.
Nas compras físicas, os pagamentos por aproximação mais do que quintuplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 34,4 bilhões.
“Tanto o investimento da indústria como a popularização do NFC [comunicação por campo de proximidade a tecnologia do pagamento por aproximação], têm impulsionado esse segmento. Já vemos todos os novos cartões saindo com NFC embutido e um investimento por parte das adquirentes para a troca dos POS [maquininhas]”, disse Coutinho.
No acumulado do primeiro semestre, esse tipo de transação movimentou R$ 53 bilhões, avanço de 540,7%. As compras no crédito lideram (R$ 19 bilhões), seguidas por pagamento no débito (R$ 10,6 bilhões) e com pré-pago (R$ 4,8 bilhões).
O executivo também associa o crescimento dos pagamentos por aproximação ao aumento nos limites de pagamento sem a necessidade de senha. Esse valor saiu de R$ 50 para R$ 100 em julho de 2020 e foi para R$ 200 em janeiro deste ano.
“A indústria também tem feito um processo educativo no comércio e já começamos a perceber o estabelecimento perguntando se os clientes querem pagar por aproximação. Isso também ajuda o segmento”, afirmou.
O volume total transacionado com cartões de crédito, débito ou pré-pagos no segundo trimestre deste ano foi de R$ 609,2 bilhões, um avanço de 52% em relação a igual período de 2020. Deste total, R$ 371,3 bilhões vieram do cartão de crédito, R$ 214 bilhões do cartão de débito e R$ 23,9 bilhões dos cartões pré-pagos.
A inadimplência do cartão de crédito no período atingiu os níveis mais baixos registrados pela associação e encerraram junho em 4%.
Segundo Coutinho, há a possibilidade de uma nova alta na inadimplência ao longo dos próximos meses, provenientes do cenário macro ainda em recuperação, com um índice ainda alto de desemprego e com parte da população ainda usando o auxílio emergencial.
“Mas tivemos, em abril, uma inadimplência de 3,8% que é extremamente baixa. E isso vem de vários impactos. O primeiro deles é que a indústria vem trabalhando muito fortemente a educação financeira no setor. Estamos em um nível historicamente baixo para a inadimplência. Para este ano, espero algo entre 3,9% e 4,2%”, disse.