Presa há um mês, Natielly Karlailly Balbino, de 35 anos, teve a prisão temporária convertida em preventiva. Filha do ex-deputado federal Nilton Balbino – conhecido como Nilton Capixaba – ela é apontada como colaboradora de uma quadrilha que atua no tráfico de drogas. Sua função, de acordo com a decisão judicial, seria a de ajudar na lavagem de dinheiro e ocultação de capitais.
Natielly foi detida em 15 de setembro, em Cacoal (RO). Duas semanas depois, ela teve um pedido de prisão domiciliar negado pela Justiça. A prisão da suspeita ocorreu durante a deflagração da operação Carga Prensada. A ação da Polícia Federal visava levantar provas contra uma uma organização criminosa que enviava grandes quantidades de cocaína de Rondônia a outros estados brasileiros. Durante a fase sigilosa da investigação, que teve início no final de 2019, mais de 2,5 toneladas de drogas foram apreendidas.
A decisão do juiz Adriano Lima Toldo, da 2ª Vara Criminal de Vilhena, menciona que Natielly teria cedido seu nome para “a realização de transações financeiras envolvendo dinheiro vinculado, em tese, ao comércio de drogas do grupo criminoso”.
Natielly atuaria, sobretudo, na lavagem do dinheiro obtido por seu companheiro, também apontado como integrante da quadrilha. Ela tinha relação estável com Tiago Jaques, que está preso por tráfico de drogas.
O magistrado cita, na decisão, que um extrato bancário da conta de Natielly foi apreendido na casa da suspeita. Nele, constam movimentações financeiras de Natielly com um outro integrante da quadrilha, que é investigado por lavagem de dinheiro por meio de transações de veículos.
Toldo também aponta o recebimento de “quantia milionária proveniente de uma tia sob transação suspeita”, além do repasse de 20% desse valor para a conta de um outro investigado. O montante seria para o pagamento da droga apreendida quando Jaques foi preso em flagrante, em 24 de março deste ano.
A prisão de Jaques ocorreu quando ele transportava 30 kg de cocaína. Segundo as investigações, ele também está envolvido no carregamento de outros 60 kg de cocaína que foi apreendida em Itumbiara (GO). A droga estava dentro de uma caminhonete Hilux.
De acordo com o magistrado, conversas extraídas do celular de Natielly mostram tentativas de recuperar a caminhonete Hilux apreendida. Ela tentou resolver a situação com Adriano Prestes, apontado como líder da quadrilha.
Essas mesmas conversas, de acordo com Toldo, permitem concluir que Natielly e Prestes “cogitam a possibilidade de ser confeccionada uma procuração falsa em um cartório pelo valor de R$ 2,5 mil, no intuito de ‘regularizar’ a documentação do veículo e assim conseguir resgatá-lo”.
“Diante dessas novas circunstâncias, impossível de se negar que sobrevieram fatos e elementos de convicção acenando pela existência de relevante grau de participação de Natielly nas atividades ilícitas da organização criminosa, potencializando-se a gravidade de suas condutas, de modo que, também em relação a ela, a medida de prisão preventiva passa a se tornar imprescindível”, afirma o juiz.
O magistrado afirma ainda que a conversão da prisão temporária em preventiva se justifica pelo risco de fuga e da suspeita de atrapalhar a investigação criminal. Para Toldo, a suspeita solta – tendo conhecimento de que é investigada – terá “condição de ocultar e destruir provas, aliciar ou intimidar testemunha e assim criar obstáculos às investigações”.
Procurada, a defesa de Natielly não se manifestarou até a publicação da reportagem. O advogado Augusto Caldeira, representante de Prestes, afirmou que não dará declarações neste momento. Caldeira alegou que “existem diversos pontos controvertidos que serão devidamente aclarados no decorrer da instrução processual”. O advogado de Jaques não foi localizado.
- O Globo