A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou uma nota nesta segunda-feira (24) criticando a conduta do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no enfrentamento à Covid-19 no Brasil.
A AMB também diz que o ministro deve seguir o que está escrito na Constituição, “promovendo o bem geral do povo”, e o Código de Ética Médica, que tem entre seus princípios fundamentais: “O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional”.
“Se o ministro de Estado da Saúde é um médico, como ocorre com o dr. Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, os brasileiros aspiram que respeite o Código de Ética da Medicina. Hoje, entretanto, o ministro da Saúde age à margem das mais simples normas de conduta e preceitos éticos esperados para a função. Esta é a avaliação do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira”, diz a nota.
A associação listou alguns atos do ministro, que está comandando o ministério desde março de 2021. Entre eles: se opor ao uso obrigatório de máscaras; recomendar a paralisação da vacinação de jovens entre 12 e 17 anos sem comorbidades; defender o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid-19, o chamado kit Covid; postergar o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos; e desqualificar as recomendações aprovadas pela Conitec contra o uso do kit Covid.
“Vivemos dias de gravidade ímpar no sistema de saúde do Brasil, enquanto o ministro da Saúde desperdiça tempo, endossa tratamentos ineficazes e protela a vacinação (…) O Brasil está em alerta e pede mudanças na gestão da saúde”, finaliza a nota.
Ministério da Saúde rejeita diretrizes da Conitec
O Ministério da Saúde rejeitou, em portarias publicadas na sexta-feira (21) no Diário Oficial da União, as diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) de não usar medicamentos do “kit Covid” para tratamento em pacientes do SUS com Covid-19.
As diretrizes da Conitec, aprovadas em maio e dezembro do ano passado, eram de não usar remédios como a cloroquina, a azitromicina, a ivermectina e outros medicamentos sem eficácia para tratar a doença – tanto em ambulatórios (casos leves) como em hospitais, quando o paciente está internado.
Ambas foram rejeitadas pelo ministério. As decisões foram assinadas pelo chefe da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto. Ele pontua, entre os motivos, “incerteza e incipiência do cenário científico diante de uma doença em grande parte desconhecida”.
O uso dos remédios do “kit Covid”, entretanto, já é amplamente descartado por sociedades científicas brasileiras e estrangeiras, incluindo a própria Organização Mundial de Saúde (OMS).
g1