O dólar fechou em queda de 0,49%, cotado a R$ 5,0537, nesta terça-feira (8), com os mercados monitorando o noticiário da guerra na Ucrânia e em meio a temores de que eventuais medidas do governo para controlar os preços dos combustíveis possam afetar a credibilidade fiscal do Brasil.
A moeda norte-americana chegou a subir 0,44% pela manhã, para R$ 5,102, ficando próximo desse patamar por algum tempo, depois de ensaiar baixa.
Depois das 14h (de Brasília), porém, as vendas surgiram de forma expressiva, derrubando a cotação à mínima de R$ 5,0452 (queda de 0,68%), pouco depois das 15h.
Com o resultado desta terça, a moeda passou a acumular queda de 1,99% no mês. No ano, tem baixa de 1,99% frente ao real. Veja mais cotações.
Cenário global
O impacto econômico da guerra na Ucrânia tem desestabilizado os mercados internacionais e provocado a disparada dos preços das commodities.
Nesta terça, os preços do petróleo seguem em alta, com o Brent sendo negociado acima de US$ 125, uma vez que temores de sanções contra as exportações russas de petróleo e combustíveis aumentaram as preocupações sobre a disponibilidade de oferta.
Os EUA anunciaram que estão discutindo com outros países uma proibição da importação de petróleo russo após a invasão russa da Ucrânia. No entanto, a Alemanha, o maior comprador de petróleo bruto russo, rejeitou os planos de um embargo de energia.
A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo, com exportações de cerca de 7 milhões de barris por dia de petróleo bruto e derivados combinado, ou cerca de 7% do fornecimento global.
Moedas de países exportadores de petróleo, metais, milho e trigo, entre outras commodities, entretanto, têm sido beneficiadas pela escalada dos conflitos na Ucrânia, já que temores de interrupção da oferta impulsionaram os preços desses produtos a máximas em vários anos.
Os juros em patamares elevados no Brasil e a perspectiva de novas elevações na Selic têm contribuído também para o fluxo de dólares para o país e para a valorização do real nas últimas semanas.
Cenário doméstico
A FGV mostrou nesta terça que o Indicador Antecedente de Emprego do Brasil piorou pelo quarto mês consecutivo, caindo para o menor nível desde agosto de 2020.
Na cena política, a disparada no petróleo no mercado internacional levou a discussão, entre a Petrobras e o governo, de mudanças na política de preços da estatal para não repassar toda a alta dos combustíveis para o consumidor.
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira que o governo federal prepara medidas para combater a alta dos preços dos combustíveis e afirmou que a paridade entre o valor do barril de petróleo no mercado internacional e o preço de combustíveis praticados nas bombas dos postos no Brasil “não pode continuar”.
Embora haja incerteza sobre os detalhes de tais medidas no momento, “algum tipo de flexibilização fiscal nessa frente está se tornando cada vez mais provável”, alertou o Citi.
O receio fiscal doméstico foi apontado como um dos grandes responsáveis pela alta de mais de 7% registrada pelo dólar ante o real em 2021. No final do ano passado, investidores receberam com pessimismo a aprovação da PEC dos Precatórios, que alterou a regra do teto de gastos, considerado a principal âncora para as despesas públicas.
g1