Especialista do Unipê explica questões sobre endometriose

No Brasil, entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil sofrem com a doença

Recentemente no Brasil o debate público que envolve questões de saúde feminina foi reacendido para falar sobre a endometriose. Isso porque muita gente ficou sabendo que, em geral, o tempo para que se chegue ao diagnóstico pode demorar anos. A média estimada para o início dos sintomas informados pelas pacientes até o diagnóstico definitivo, dizem especialistas, é de aproximadamente sete anos.

Mas o que é a doença e por que o diagnóstico é demorado? A endometriose é uma doença crônica, inflamatória e benigna, que pode ocorrer durante o período reprodutivo de mulheres e que se caracteriza pela presença do tecido endometrial, glândula e ou estroma fora da cavidade uterina, conta a médica ginecologista e obstreta Profa. Etiene Galvão, do curso de Medicina do Unipê.

Em alguns casos, pode ser assintomática até em estágios mais avançados, sendo um dos fatores que dificultam o diagnóstico da endometriose. “Atualmente, temos o diagnóstico presuntivo, clínico, laboratorial, de imagens, como também a videolaparoscopia, que é padrão ouro. Lembrando que o diagnóstico definitivo é através do histopatológico”, comenta Dra. Etiene.

No entanto, o diagnóstico final pode demorar de sete a 12 anos devido aos sintomas comuns com outras afecções ginecológicas e gastrointestinais, além dos riscos do diagnóstico por vias cirúrgicas. Dra. Etiene diz que o que facilita a percepção da doença são cinco sintomas mais a infertilidade, que varia de 2 a 20% em mulheres com endometriose não tratada. Os cinco sintomas são: dismenorréia (dor à menstruação); dispareunia (dor às relações sexuais); dor pélvica crônica (dor constante no baixo ventre); disquesia (dor à evacuação); e disúria (dor ao urinar).

A doença ainda pode afetar outros órgãos. “Locais de acometimento mais frequentes são as vísceras pélvicas e peritônio; pode também acometer sítios mais distantes, como pulmão. Acomete ainda a região vesical, umbilical, apêndice, e a região mais frequente da endometriose extra pélvica é a intestinal”, completa a médica. Hoje no país, segundo estimativas da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, entre 5% e 10% das mulheres em idade fértil sofrem com o surgimento e o desenvolvimento da endometriose. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aponta que 25% das mulheres que apresentam infertilidade têm a doença.

Tratamentos

Dra. Etiene reforça que o tratamento da endometriose é sempre individual, direcionado conforme grau, idade, desejo de engravidar e acometimento dos órgãos pélvicos (aderências, obstruções, distorção da anatomia). Pode ser clínico e ou cirúrgico, este sendo conservador ou radical-extremo, “com retirada dos focos, liberação das aderências, sempre na tentativa de conservar útero e ovários, principalmente em pacientes que desejam gestar.”

No caso de mulheres com endometriose profunda e que desejam engravidar, é recomendada a fertilização in vitro.  “Lembremos que não se deve pensar só no tratamento orgânico. O acolhimento e a parte psicológica das nossas pacientes são fundamentais. São mulheres com sentimentos de inferioridade, medo, raiva, frustação, culpa, baixa autoestima. Portanto, recomenda-se exercícios físicos, ioga e psicoterapia quando necessário”, pontua.

FONTE: Portal Correio