Estudos mostram que exercícios regulares ajudam a reduzir o estresse, a ansiedade e os sintomas depressivos.
A prática regular de atividade física ajuda a controlar a massa corporal e a aumentar a massa muscular dos praticantes, mas também é fundamental para proporcionar diversos outros benefícios à saúde, como regular os níveis de colesterol no sangue, reduzir o risco de diabetes, infartos e AVC. Além disso, o exercício de forma regular tem sido um importante aliado ao cuidado com a saúde mental, reduzindo o estresse, a ansiedade e sintomas depressivos.
“A prática da atividade física é um agente importante para prevenir e reduzir os riscos de muitas doenças, sendo de suma importância para o cuidado com a saúde física e mental. Os benefícios vão além da mobilização de gordura corporal e controle do peso, pois ajudam a regular as taxas bioquímicas como o colesterol, a glicose e o triglicerídeos. São essas taxas que influenciam para o desenvolvimento de doenças crônicas como hipertensão arterial, doenças coronarianas, AVC, depressão, alguns tipos de câncer, problemas osteoarticulares, entre outros”, explica o profissional de educação física e coordenador do Saúde em Movimento, Nicolas Travassos.
Mirza Artiaga é professora aposentada e foi diagnosticada com depressão severa. Para ela, sair de casa era um esforço enorme, foi quando conheceu o projeto Saúde em Movimento.
“Me sentia extremamente sozinha estava entrando em uma nova fase da minha vida e não me acostumava, tudo isso contribuiu para que eu entrasse em um quadro de depressão muito grave. Até que um dia, depois de muito insistir, uma colega conseguiu me tirar de casa e me levou para uma aula na praça, ali começou a mudança na minha vida, além da melhora na saúde física o projeto proporciona integração e socialização”, conta a aluna.
Um estudo publicado na revista americana Molecular Biology mostrou que a ginástica praticada de forma regular, com duração média de 15 minutos, melhora a função de estruturas cerebrais envolvidas no transtorno depressivo, como o hipocampo, o hipotálamo e a amígdala, além de reduzir o processo inflamatório dos neurônios.
De acordo com o estudo, o exercício regular reduz a inflamação das células cerebrais, mecanismos aumentados na depressão; aumenta o nível de substâncias associadas ao sistema nervoso e à plasticidade cerebral, como a serotonina e o BNDF, proteína protetora das conexões neurais e, melhora o desempenho da comunicação entre os neurônios e a função de estruturas cerebrais ligadas ao descompasso como hipocampo, o hipotálamo e a amígdala.
“O Saúde em Movimento me deu muito mais do que qualidade de vida, também nos oferta amigos, que era exatamente o que eu precisava. Eu estava num momento tão difícil que cheguei a pensar em suicídio, mas as aulas chegaram no momento certo, ali foi meu bálsamo. Em pouco tempo comecei a me sentir melhor e ver os benefícios da atividade física na minha vida, que faz muito bem pra saúde do corpo e todos sabem disso, mas foi o remédio que eu precisava para a minha saúde mental”, relata Mirza.
Para Nicolas Travassos os tratamentos convencionais, com remédios antidepressivos, ainda são essenciais, mas a atividade física pode reduzir a necessidade de acompanhamento medicamentoso, principalmente nos graus leve e moderado, que envolvem sentimentos crônicos como tristeza, angústia, desânimo, alterações no sono e no apetite.
“Os estudos chegam para nos dar certeza de algo que já era visto na rotina do nosso projeto, que a atividade física é extremamente importante para garantia de uma melhor qualidade de vida para quem a pratica e uma excelente aliada ao cuidado com a saúde mental”, afirma o profissional de educação física.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. No Brasil, são mais de 11 milhões de casos. A pesquisa Vigitel de 2021 indica que, em média, 11,3% dos brasileiros foram diagnosticados com depressão, entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022 e que os altos índices de depressão na pandemia estão relacionados, entre outros fatores, ao luto.
Esse é o caso da costureira Djane Anterio, que tem lutado contra a depressão há cerca de dois anos, após perder o comércio que tinha e o irmão para a Covid-19. “Cada dia é uma luta, nem sempre consigo sair de casa, mas faço o maior esforço para comparecer as aulas, pois sempre que venho saio daqui renovada, com ânimo e vontade de continuar lutando para sair dessa depressão. Para muitos é algo pequeno, mas para mim é uma mudança enorme”, conta.
Realidades como a de Mirza e Djane são encontradas facilmente no dia a dia do projeto Saúde em Movimento. Além de superar a depressão, muitos dos alunos encontraram mais qualidade de vida com a prática e tiveram a atividade como aliada na superação de doenças e até na mudança do estilo de vida.
José Oliveira, de 62 anos, participa das aulas há pouco tempo, mas conta que os benefícios já podem ser notados. “Comecei a vir para incentivar minha esposa na prática do exercício e mesmo sem nenhuma doença já tenho sentido uma melhora na forma como sigo a vida. Estava com muita dificuldade para dormir e em pouco mais de um mês participando das aulas todos os dias já consigo dormir tranquilo, respirar bem melhor, me sinto mais disposto para as atividades da minha rotina”, relata o aposentado.
“A gente fala tanto em qualidade de vida que parece repetitivo ou algo menor, mas quando a gente consegue diminuir a quantidade de remédios que tomamos, dormir e respirar melhor, levar uma vida tranquila, é isso que ganhamos e é assim que me sinto, e sei que isso só foi possível depois que coloquei a atividade física no meu dia a dia”, conclui a costureira e aluna do Saúde em Movimento, Djane Anterio.
FONTE: Portal Correio