O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a sinalizar a membros do governo e lideranças partidárias do Congresso Nacional que pode promover alterações na composição ministerial para melhorar a relação com o Legislativo. A troca de ministros passou a entrar no radar do chefe do Executivo federal depois de críticas da articulação política do Palácio do Planalto com o parlamento, em especial, com a Câmara dos Deputados.
No início desta semana, Lula chamou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para um café da manhã no Palácio da Alvorada e admitiu que pode mudar a chefia de ministérios em prol da governabilidade no Congresso. Antes do encontro, o deputado tinha feito duras críticas ao comportamento do governo com o Legislativo e chegou a afirmar que havia “uma insatisfação geral” por parte dos parlamentares.
Trocas mais prováveis
O presidente já tinha sido aconselhado a mexer nas três pastas que são comandadas pelo União Brasil (Turismo, Comunicações e Integração e Desenvolvimento Regional) devido à pouca fidelidade da legenda em votações no Congresso. Lula disse a Lira que pode fazer pelo menos duas trocas. No momento, os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Daniela Carneiro (Turismo) são os que mais correm risco de sofrer substituição.
Lira deixou claro a Lula que o governo precisa dar gestos ao centrão para que a governabilidade no Congresso não fique comprometida. O presidente da Casa reclamou que a Câmara ficou sub-representada na estrutura ministerial de Lula. O chefe do Executivo distribuiu as 37 pastas do governo dele entre nove partidos. No entanto, no entendimento de Lira, os escolhidos tomam decisões que não agradam as legendas.
Dessa forma, o presidente da Câmara afirmou a Lula que mudanças são necessárias para que o governo consiga um conforto maior no Congresso e tenha tranquilidade na votação de matérias importantes, evitando episódios como os de maio, quando a Câmara derrubou alterações promovidas por Lula no marco do saneamento básico e a medida provisória que definiu a estrutura de ministérios do governo foi aprovada apenas um dia antes de perder a validade.
De acordo com Lira, Lula ainda não tem uma base de apoio efetiva e muitas matérias que interessam ao Planalto só são aprovadas com muito diálogo entre os próprios parlamentares. A cobrança do Congresso é que os ministros do governo ou o próprio presidente sejam mais presentes na hora das negociações.
Ministério da Saúde fora de cogitação
Apesar de apontar a possibilidade de mudar o time de ministros, Lula não deve atender a todos os pedidos do Congresso. O Ministério da Saúde se tornou o grande alvo do centrão, mas o presidente não quer abrir mão de Nísia Trindade com tanta facilidade. Nesta quarta-feira (7), inclusive, ele elogiou a atuação da ministra.
“Nísia não é médica, é cientista política, é socióloga. E ela veio trabalhar na Saúde como ministra, porque a experiência dela como presidente da Fiocruz foi excepcional. Eu precisava de alguém mais do que médico, que tivesse a sensibilidade de saber como vive o povo mais humilde. E por que escolhi uma mulher? Porque a mulher sabe tratar dos problemas com mais coragem e dignidade do que o homem”, afirmou o presidente durante evento do programa Farmácia Popular.
Ciente da necessidade de melhorar a relação com o Congresso, Lula deve organizar mais reuniões com deputados e senadores a partir da próxima semana. A tendência é de que ele diminua o número de viagens nacionais e internacionais e se concentre em “arrumar a casa”. As agendas, segundo essa fonte, devem contar com reuniões com parlamentares de diversos partidos e bancadas.
FONTE: Portal Correio