A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou ao 3º Juizado Especial Criminal de Brasília uma queixa-crime contra o hacker Walter Delgatti Neto por suposta calúnia.
A ação foi motivada após o hacker, durante depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, ter acusado Bolsonaro de ter lhe oferecido um indulto caso ele assumisse ter grampeado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, além de supostamente ter ordenado um plano para questionar a segurança das urnas eletrônicas em 2022.
“O Querelado, em sua oitiva perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de Janeiro de 2023, realizada na sede do Senado Federal em dia 17 de agosto de 2023, atribuiu ao Querelante fatos determinados e específicos — manifestamente mentirosos — definidos como crime, lesionando a sua honra objetiva perante inúmeras pessoas”, diz a defesa.
Delgatti Neto disse que concordou em assumir o grampo por se tratar de uma “proposta do presidente da República” que poderia pôr em xeque a credibilidade de Moraes, com o objetivo de anular as eleições. O ex-presidente ainda teria pedido ao hacker que ele ficasse “tranquilo”. “Caso um juiz mande te prender, eu mando prender o juiz”, teria afirmado Bolsonaro.
Nas redes sociais, o advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten, negou a existência do grampo ou “qualquer atividade ilegal”. “Mente e mente”, completou.
A convocação de Delgatti à CPMI foi um pedido da ala governista e foi aprovada um dia depois de sua prisão. Na época, a base do governo afirmou que Delgatti tem “envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”. Por se tratar de uma convocação, Delgatti era obrigado a comparecer à comissão.
O hacker foi preso no início de agosto, no interior de São Paulo. No mesmo dia de sua prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada Carla Zambelli (PL-SP), por suspeita de ela ter contratado Delgatti para executar crimes.
Histórico
Em 2019, Delgatti foi preso sob suspeita de “grampear” autoridades brasileiras e admitiu ter fornecido dados de conversas entre o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) e procuradores da Operação Lava Jato, em um escândalo conhecido como “Vaza Jato”, que teve entre as principais consequências a anulação das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em outubro de 2020, o hacker ganhou liberdade condicional.
FONTE: Portal Correio