Paraibano envolvido em atos de 8 de janeiro afirma que “medo de facção” e problemas pessoais o levaram a romper tornozeleira eletrônica

Marinaldo Adriano Lima da Silva, de 23 anos, investigado por participação nos atos de 8 de janeiro em Brasília, deu sua versão sobre o rompimento da tornozeleira eletrônica que lhe foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em contato com a Redação do Portal Fonte83, o blogueiro, que já havia sido apontado como um dos foragidos pela Justiça por descumprir medidas cautelares, explicou que a decisão foi motivada por dificuldades pessoais e condições adversas de vida.

Em seu depoimento, Marinaldo relatou que, na época, morava no bairro Conde, devido à situação financeira complicada de sua família – “minha mãe estava sem condições de pagar aluguel. Era uma situação muito difícil… o lugar era cheio de muriçocas, a casa mal ventilada, e a gente vivia no aperto”, afirmou. Ele destacou que, apesar de tentar cumprir todas as exigências, não conseguiu aguentar o desconforto físico exigido pela medida cautelar, que determinava o uso da tornozeleira por 1h30.

Além disso, o blogueiro revelou que sofre de escoliose tipo C e hérnia de disco, condições que lhe causam dores constantes e limitam até mesmo as atividades mais básicas, como levantar da cama. “Às vezes, eu nem conseguia levantar direito da cama. É difícil explicar o que é viver com dor e medo ao mesmo tempo”, declarou Marinaldo.

Pressão e medo de represálias

O relato do jovem também destaca um fator que contribuiu para sua decisão: a exposição indesejada. Segundo ele, ao retornar para o Bairro das Indústrias, em João Pessoa, foi identificado por um suposto membro facção criminosa Okaida que, ao vê-lo com a tornozeleira, suspeitou de envolvimento em atividades ilícitas. O episódio se agravou quando o rapaz compartilhou uma foto de Marinaldo em um grupo da organização, fato que o fez sentir-se vulnerável e temer represálias em seu próprio bairro.

“A pressão foi tanta que eu acabei cortando a tornozeleira. Não foi por maldade, mas por desespero. Só queria ter um pouco de paz”, afirmou.


Medidas judiciais

Marinaldo informou ainda que sua advogada está planejando pedir a revogação da prisão preventiva e solicitar a substituição da tornozeleira por um novo dispositivo, mais compatível com sua situação. O caso ganhou repercussão a divulgação, pelo Portal Fonte83 e imprensa nacional, dos nomes de dois paraibanos considerados foragidos pela Justiça por violarem as medidas cautelares impostas pelo STF durante os atos de 8 de janeiro.

Em 2024, o jovem chegou a lançar sua candidatura a vereador por João Pessoa pelo partido Democracia Cristã, mas desistiu em agosto, alegando que sua campanha sofreu prejuízos pela associação de seu nome aos atos antidemocráticos. Após a desistência, Marinaldo deixou de cumprir as determinações judiciais, configurando, assim, sua condição de foragido.