Maia diz que reforma tributária, administrativa e saneamento são prioridades

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira (8) que a reforma tributária, a administrativa e a proposta para mudar regras no saneamento no país são prioridades agora com a reforma da Previdência aprovada na Casa.

Durante evento sobre cenários macroeconômicos promovido pelo banco BTG Pactual, em São Paulo, Maia afirmou que já há uma reforma tributária no Senado, que pretende votar o saneamento até o fim de agosto e que o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou que vai enviar uma reforma administrativa.

“Guedes disse que vai encaminhar a reforma administrativa. Eu acho que esse é um tema muito importante, porque são as despesas públicas que inviabilizam o Estado brasileiro”, disse.

“Na Câmara dos Deputados, por exemplo, o salário médio é R$ 30 mil. O consultor começa ganhando R$ 31 mil, o analista R$ 23 mil, e um policial legislativo R$ 14 mil. De cinco a oito anos todos estão perto do teto.”

Quando questionado se a aprovação da reforma tributária é viável até o fim deste ano, Maia não estabeleceu uma data, mas disse que o processo de aprovação na Casa deve levar três meses. 

“É difícil falar de tempo. O meu tempo da Previdência era um mês. Acho que talvez a tributária, que tem mais atores jogando, dependendo de como a gente construa o diálogo, vai durar o mesmo tempo”, afirmou Maia, que acrescentou, dizendo que “se organizar como na previdenciária, pode avançar em três meses”.

Sobre o saneamento, o presidente da Câmara afirmou que esse “é um ambiente que tem que tomar um certo cuidado” e que ele pretende fazer alterações no texto do Senado para garantir competitividade.

“Nós temos aqui um problema. Os governadores querem um texto que gere mais competição que valorize as suas empresas. Só que as empresas querem um texto mais focado no interesse da sua manutenção como estatal. E as empresas têm influência política.”

Articulação

O presidente da Câmara afirmou também que o presidente Jair Bolsonaro, ministros e órgãos do Poder Executivo têm atrapalhado votações de interesse do governo ao receberem deputados durante o horário de votação dessas propostas.

Durante a votação da reforma da Previdência, por exemplo, Maia disse que ligou para o presidente e pediu que ele não fosse a um jantar com representantes da bancada gaúcha, que ocorreria no momento em que a Casa analisava a matéria.

No mesmo dia, deputados do Amapá sumiram do Plenário e foram localizados por Maia em uma audiência no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), e parlamentares eram recebidos no Ministério do Desenvolvimento Regional.

“Fico pedindo para os ministros não receberem deputados na terça e quarta-feira. Estou no meio da Previdência e tem ministro recebendo deputado. Se eu for perdendo um para cada ministério e para o presidente, não vai dar quórum nunca”, afirmou Maia.

“Eu não consigo ser líder do governo todo dia, tenho de focar em alguma coisa. Preciso de ajuda. Fico organizando votação, chamando deputado.”

Maia afirmou que a relação entre ele e Bolsonaro melhorou bastante, com o presidente da República participando e ajudando negou que haja má vontade do Congresso com o mandatário.

“As pautas que ele coloca, umas vão ter votos, outras não vão ter. No tema econômico, há maioria pelas reformas. Na agenda de valores, o radicalismo do discurso dele assusta parte dos parlamentares que poderiam avaliar [algumas questões].”