Usar o sábado e o domingo para cumprir toda a cota de exercícios recomendada para a semana pode ser suficiente para gerar benefícios à saúde, revela um novo estudo.
Os resultados se baseiam no monitoramento de 64 mil pessoas com mais de 40 anos na Inglaterra e na Escócia.
Pesquisadores da Universidade Loughborough, na Inglaterra, e da Universidade de Sydney, na Austrália, analisaram a saúde dos participantes e o tempo usado por eles para exercícios durante 18 anos.
E concluíram que, independentemente da frequência da prática de exercícios ao longo de uma semana ou de quanto tempo uma pessoa se exercita, os benefícios à saúde são similares desde que sejam seguidos alguns parâmetros.
A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte alerta, porém, sobre alguns riscos para a saúde quando a prática de exercícios físicos é feita apenas aos finais de semana, sem maior regularidade.
Um deles seria para o coração, que não está com o condicionamento cardiorespiratório adequado para a prática de um atividade física intensa – sendo assim, exercícios como caminhadas mais prolongadas, corridas, futebol ou outros esportes aumentariam em até oito vezes o risco de parada cardíaca para pessoas que praticam atividade de forma irregular.
Outro problema seriam as lesões de músculo e tendão que são mais comuns nos atletas de fim de semana pela falta de preparo da musculatura.
Menos riscos
O estudo é uma boa notícia para os “atletas de fim de semana”, aquelas pessoas que, seja pela rotina atribulada ou outro motivo, deixam para realizar toda a atividade física indicada nos dias de folga.
Em comparação com quem não fez qualquer exercício, as pessoas que se exercitaram de alguma forma – regular ou irregularmente – apresentaram menos risco de morrer de câncer ou doenças cardiovasculares, que podem levar a infartos e acidente vascular cerebral, o AVC.
Os “atletas de fim de semana” que cumpriram sua cota semanal em apenas dois dias reduziram suas chances de problemas vasculares em 41% e de câncer em 18% se comparados com pessoas sedentárias.
Quem praticou exercícios regularmente em três ou mais dias da semana reduziu os riscos em 41% e 21%, respectivamente.
Mesmo quem praticou alguma atividade física, ainda que ela fosse considerada “insuficiente”, apresentou uma queda dos riscos de 37% para doenças vasculares e 14% para câncer, assinalou o artigo publicado na revista científica JAMA Internal Medicine.
Recomendações
A recomendação de médicos e cientistas é de que pessoas com idades entre 19 e 64 anos façam ao menos 150 minutos (2h30) de atividade aeróbica moderada, como pedalar ou caminhar em ritmo mais acelerado, semanalmente.
Ou 75 minutos (1h15) de atividade aeróbica intensa, como corrida ou jogar tênis. Ainda é possível combinar sessões de diferentes intensidades, como correr por 30 minutos duas vezes por semana e caminhar uma vez por 30 minutos.
Exercícios de força, como musculação, devem ser praticados duas ou mais vezes na semana, envolvendo todos os músculos.
Gary O’Donovan, autor do estudo e especialista em atividade física e saúde da Universidade Loughborough, diz que o importante é se exercitar “com um propósito, fazer isso para melhorar sua saúde”.
Ele acrescenta que o comprometimento com um estilo de vida mais ativo deve vir acompanhado pela adoção de outros hábitos positivos, que contribuem para a saúde independentemente do índice de massa corporal, medida internacional usada para calcular o peso ideal de uma pessoa.
No entanto, O’Donovan afirma que não se sabe ainda qual é a melhor forma de cumprir a cota de exercícios semanal indicada.
‘Cada minuto ajuda’
O estudo não foi capaz de estabelecer uma relação de causalidade precisa e direta entre a prática de exercícios e a redução dos riscos à saúde.
Mas diversas pesquisas mostram que a atividade física e uma dieta saudável diminuem as chances de desenvolver uma série de doenças, como câncer, problemas cardíacos e diabetes tipo 2, assim como ajudam no controle de peso e da pressão arterial e na redução de sintomas de depressão.
Justin Varney, chefe para saúde de adultos e bem-estar da Public Health England, agência do departamento de Saúde do governo britânico, diz que “o máximo de benefícios é obtido com 150 minutos (2h30) de atividade física moderada por semana”.
“Mas cada minuto ajuda, e se exercitar por só 10 minutos já gera benefícios à saúde”, ressalva Varney.
CARIRI EM AÇÃO
Com BBC Brasil/ Foto: Google Imagens
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