O coordenador do projeto Bichos da Caatinga, Bruno Bezerra, conta que a descoberta da família rara de pumas ocorreu depois que o proprietário de uma fazenda no município de Santa Cruz do Capibaribe pediu ajuda ao grupo para descobrir qual animal estava atacando filhotes de cabras e outros de pequeno porte na sua propriedade.
As câmeras ficaram junto de antigos bebedouros que não secaram, apesar da forte estiagem que a região enfrenta pelo 6º ano consecutivo. Por conta da seca e da caça ilegal de animais que são presas dos pumas yagouaroundis a área está com desequilíbrio e, certamente, eles estão atacando cabritos para matar a fome.”
Os pumas yagouaroundis são “primos” dos Pumas concolor, felinos selvagens encontrados em toda a América. A espécie yagouaroundis “não é mais abundante no Brasil”, mas há registros em todas as regiões do país, menos no pantanal matogrossense, segundo o projeto Gatos do Mato do Brasil.
Eles pesam cinco quilos, em média. Não existem dados sobre a quantidade desses animais no Brasil, porém Oliveira afirma que “eles são raros pela quantidade em comparação a outros felinos existentes no país.”
“O mais abundante é gato maracajá ou jaguatirica (Leopardus Pardalis)”, destaca o professor.
A espécie tem padrão de cores vermelho (amarelada e alaranjada) e do cinza azulado claro ao quase preto. Na região da Caatinga do Nordeste predomina a cor vermelha nesses animais, já a cinza é menos comum. Na Amazônia, a cor cinza é a mais frequente.
Seca leva pumas para áreas rurais
O habitat do puma yagouaroundis é em áreas com vegetação natural e não é comum seu contato com áreas de rural de plantações. Segundo Oliveira, eles são animais selvagens e de hábitos solitários. “Nesta época de extrema seca não duvidamos que esses animais estão se aproximando dessas áreas em busca de água e alimentos.”
O Nordeste vem sofrendo estiagem severa há seis anos. Para se ter ideia da situação da seca, a barragem de Jucazinho, localizada no município de Surubim, secou. A barragem abastecia 15 cidades pernambucanas, dez delas agora estão recebendo água por meio de carros-pipa.
“O desmatamento, a escassez de água e alimentos, esses animais estão se aproximando do ambiente mais próximo de humanos. Por sobrevivência, se não tem água ou presas na mata, os animais vão buscar onde tem”, explica Bezerra.
Oliveira destaca ainda que os pumas yagouaroundis se alimentam de roedores, lagartos, cobras, aves, coelhos e outros animais de pequeno porte com até cerca de 400g e que solicitou que a equipe investigue se os pumas estão atacando eventualmente animais que não fazem parte da dieta deles.
CARIRI EM AÇÃO
Com jornal floripa/Foto Bruno Bezerra/Bichos da Caatinga
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