Os dados são fruto de uma colaboração inédita entre Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL para reunir e informar números sobre o novo coronavírus.
As informações são coletadas com as Secretarias de Saúde, e o balanço será fechado às 20h de cada dia.
A iniciativa é uma resposta a atitudes recentes do governo Jair Bolsonaro, que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins, retirou informações do ar, deixou de divulgar totais de casos e mortes e divulgou dados conflitantes.
Os números contabilizados pelo consórcio de veículos de imprensa diferem do que foi divulgado pelo Ministério da Saúde, que registrou 679 novas mortes e 15.654 casos confirmados nas últimas 24 horas.
A pasta não incluiu no balanço números de Alagoas e Santa Catarina. Segundo o ministério, as duas secretarias não divulgaram os seus dados até o momento da conclusão do boletim.
As informações relativas aos estados, porém, foram publicadas nos sites das respectivas secretarias e incluídas na contagem feita pelo consórcio de veículos de imprensa. Foram 21 mortes e 633 novos casos em Alagoas e 6 mortes e 177 novos casos em Santa Catarina.
O Brasil é o terceiro país com mais mortes pela doença e tem registrado, na última semana, recordes diários de óbitos. A Covid-19 mata mais de um brasileiro por minuto e faz mais vítimas que doenças cardíacas, câncer, acidentes de trânsito e homicídios.
Diferentemente dos demais países com grande número de casos, o Brasil ainda não começou a achatar a curva de disseminação da doença. Com a flexibilização de medidas de isolamento social, o que vem sendo adotado por boa parte dos governadores, é possível que o índice de contaminação cresça.
Em número total de casos, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos.
Desde a semana passada, o Ministério da Saúde vem ameaçando sonegar dados sobre a doença. De início, a pasta começou a atrasar a divulgação dos boletins diários, e Bolsonaro ironizou a medida, dizendo que os números não sairiam mais no Jornal Nacional, da TV Globo.
As medidas foram alvo de críticas de pesquisadores, médicos, políticos, integrantes do Judiciário e secretários de Saúde, que cobraram transparência da administração federal.
Nesta segunda, ao falar sobre o Brasil, o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, destacou a necessidade de haver coerência nas mensagens relacionadas à pandemia.
Na sexta (5), o Ministério da Saúde decidiu mudar a metodologia de divulgação dos boletins diários, deixando de informar os números totais de casos e mortes e mantendo apenas os novos registros em cada dia.
Nesta segunda, a pasta recuou e disse que vai manter disponíveis os números acumulados.
No entanto, afirmou que vai promover uma mudança na divulgação, dando destaque para os dados efetivamente registrados nas últimas 24 horas.
A pasta informou que vai adotar o modelo de divulgação com dados com base na data de ocorrência dos óbitos –e não pela data de notificação, como vinha acontecendo desde o início da pandemia. O modelo que será abandonado é usado por praticamente todos os países.
O site oficial que reunia dados completos sobre o coronavírus saiu do ar na sexta. Foi reativado no sábado (6), mas sem a maior parte das informações que costumava ter, como mapas da situação por município, curvas de casos e mortes e taxas de incidência.
Também não é mais possível baixar uma tabela com números dos estados, algo importante para o trabalho de pesquisadores e jornalistas. Oficialmente, a pasta diz que prepara uma nova plataforma.
No domingo (7), o ministério divulgou números divergentes de mortes e casos em um intervalo de poucas horas. A confirmação do número correto veio apenas no dia seguinte.
Em razão das omissões do governo federal, a parceria entre os veículos de comunicação vai coletar os números diretamente nas secretarias estaduais de Saúde.
Cada órgão de imprensa divulgará o resultado desse acompanhamento em seus respectivos canais. O grupo vai chamar a atenção do público se não houver transparência e regularidade na divulgação dos dados pelos estados.