Em live promovida por associações comerciais, o general da reserva enfatizou os problemas enfrentados pela Argentina, como o aumento de casos de coronavírus e a dificuldade em renegociar a sua dívida externa com credores estrangeiros.
Além disso, o militar lembrou que, em meio à crise sanitária, a Argentina travou a renovação das licenças de importação de produtos manufaturados brasileiros. Segundo ele, o Brasil tem hoje US$ 100 milhões em valores de veículos automotores parados, à espera da autorização.
“Esses problemas se apresentam neste momento em que o grande esforço que foi feito, no ano passado, na articulação do acordo entre Mercosul e União Europeia parece que começa a fazer água.Realmente, temos de ter uma equipe em condições de negociar permanentemente não só com nossos parceiros do Mercosul, mas também com a União Europeia”, disse.
A Argentina tem retardado a emissão das chamadas licenças não automáticas. As regras da OMC (Organização Mundial de Comércio) estabelecem um prazo máximo de 60 dias para que a autorização seja processada.
“Nós temos 90 dias sem ter as licenças renovadas”, disse o vice-presidente. “O prazo deveria ser de 10 dias, mas estamos há 90 dias”, acrescentou.
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia foi assinado no ano passado, mas para ser validado ainda deve ser ratificado por todos os parlamentos nacionais.
Na semana passada, a chanceler alemã Angela Merkel disse, pela primeira vez, ter “sérias dúvidas” sobre o futuro do acordo comercial diante do avanço do desmatamento e queimadas na floresta amazônica.
Na live, Mourão disse que a imagem externa do Brasil está abalada por “alguns preconceitos” em relação ao país e defendeu a necessidade de “desmistificar” o debate sobre a região.
O general defendeu que, diante do cenário de pandemia, é o momento do Brasil se posicionar de maneira positiva nas novas cadeias de comércio mundiais.
“Nós temos de dialogar com todos os parceiros econômicos, independentemente de orientação ideológica”, disse. “Sem preconceitos. A única preocupação que devemos ter é de não prejudicar nosso país e nossa população”, acrescentou.
O vice-presidente também afirmou que, em decorrência da pandemia, a dívida brasileira deve terminar este ano em um percentual de 95% do PIB (Produto Interno Bruto) e que dificilmente será possível manter incentivos fiscais oferecidos durante o estado de emergência.
“Eu vejo pouco espaço fiscal para que os mesmos incentivos de agora sejam mantidos para frente, até pelas exigências que temos, como o teto de gastos e a regra de ouro”, disse.