A portaria foi assinada pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, na sexta-feira (11) e saiu no Diário Oficial da União desta segunda-feira (14).
Para ocupar o cargo foi nomeado Lamartine Barbosa Holanda, coronel da reserva do Exército.
A Funarte tem como missão promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a difusão das artes no país. O órgão é responsável pelas políticas públicas federais de estímulo à atividade artística brasileira.
Holanda tem experiência em logística, é especialista em planejamento de ação estratégica e já presidiu a Câmara de Comércio Brasil-Albânia/RJ e fez curso de roteiro na Escola de Cinema de São Paulo.
Em agosto do ano passado, Holanda esteve na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, junto com o deputado estadual Castello Branco (PSL), o superintendente do órgão, Roberto Simões Barbeiro, e o assessor especial Rodrigo Morais.
Como a Folha mostrou em setembro de 2019, o coronel reformado anunciou a realização de uma mostra de filmes militares para o mês seguinte.
Segundo o d eputado, aquela foi uma visita técnica, “com o objetivo de conhecer a instituição e sua missão”.
Depois de todos discorrerem sobre a importância do acervo, o deputado e Morais entoaram a saudação de campanha do presidente Jair Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Castello Branco e Holanda, os dois militares do grupo, então prestam continência.
Já o webdesigner e bacharel em direito Luciano Querido, que até sexta-feira (11) presidia a Funarte, foi assessor de um dos filhos do presidente Bolsonaro. Ele havia sido oficializado no comando da fundação em julho passado. Querido já havia sido nomeado presidente substituto do órgão em maio. Em março, ele havia ingressado como diretor no órgão.
Em janeiro, o então presidente da fundação, o maestro Dante Mantovani anunciou que o órgão teria um orçamento de R$ 38 milhões para 2020. Mantovani é aquele segundo quem os Beatles surgiram para implantar o comunismo e o rock incentiva o sexo e a “indústria do aborto”.
Querido foi por 13 anos funcionário do gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde participou dos primeiros passos da família no mundo digital -uma das principais aliadas na ascensão do presidente na vitoriosa eleição presidencial de 2018.
A Folha mostrou em maio que o longo vínculo com a família de Jair Bolsonaro foi encerrado em dezembro de 2017, após ser desautorizado pelo então deputado federal, por quem foi chamado de “elemento”.
Desde então, aliados da família temiam que Querido tivesse levado consigo arquivos e documentos que comprometessem o grupo do presidente, tanto sobre o dia a dia dos gabinetes como sobre as estratégias digitais usadas na pré-campanha.
Em março, porém, a preocupação da família com Querido se encerrou. Ele foi nomeado diretor do Centro de Programas Integrados da Funarte, com salário de R$ 10.373.
Depois, somou outros R$ 3.250 ao contracheque ao ser promovido a diretor-executivo da fundação. Dois dias depois, passou a exercer o cargo de presidente substituto do órgão (com salário de R$ 16.944), após a anulação da nomeação de Dante Mantovani. Agora, ele mantém o mesmo salário.
Querido conheceu Bolsonaro em 2002, quando foi contratado para fazer o material gráfico da campanha da família -era também a primeira eleição do senador Flávio Bolsonaro para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Querido chamou a atenção do presidente ao conseguir baratear o custo do material impresso, diminuindo o formato dos folders que distribuíam nas ruas. Em 1º de outubro daquele ano, foi nomeado no gabinete de Carlos.
Embora lotado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o ex-assessor prestava serviços para todos os gabinetes da família. Chegou até a frequentar o plenário da Assembleia ao lado de Flávio, então deputado estadual.
Com o surgimento das mídias sociais, teve a iniciativa de dar os primeiros passos digitais de toda a família Bolsonaro. Criou os perfis de Flávio, Carlos e Jair Bolsonaro nas redes e administrou, por algum tempo, grupos no Facebook e WhatsApp de apoiadores do grupo.