Após mais de 135 mil mortes em decorrência da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste sábado (19) que foi motivo de chacota, mas que “graças a Deus” estava no caminho certo no enfrentamento à pandemia. O presidente também voltou a criticar o Judiciário.
Segundo ele, a normalidade deve ser restabelecida ainda neste ano. Bolsonaro afirmou ainda que o Brasil foi o país do mundo que melhor se saiu, em relação à economia, durante a pandemia.
“Se naquela época [início da pandemia] até mesmo a chacota se fez presente, hoje, graças a Deus, estamos vendo que estávamos no caminho certo. Se Deus quiser, voltaremos à normalidade ainda no corrente ano”, disse durante evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília.
Nesta sexta-feira (18), em evento em Sorriso (MT), Bolsonaro havia voltado a minimizar a Covid-19. Ele parabenizou os produtores agrícolas que “não entraram na conversinha mole de ficar em casa” na pandemia.
“Vocês não pararam durante a pandemia. Vocês não entraram na conversinha mole de ‘fica em casa’. Isso é para os fracos”, disse a uma plateia de produtores rurais e apoiadores em Sorriso, no norte do estado.
Neste sábado, defendeu seus posicionamentos no enfrentamento da pandemia no evento religioso.
“Tem uma passagem militar que vale para todos nós. Pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Por vezes, os senhores tomam decisões reservadamente. Eu tive de tomar decisões mesmo sendo tolhido pelo Poder Judiciário”, disse o presidente.
Bolsonaro tem criticado reiteradamente decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou que municípios e estados têm competência concorrente com a União para estabelecer medidas de combate à Covid-19. O STF não impediu o presidente, porém, de tomar decisões.
A visita do presidente ao evento dos evangélicos ocorre na semana em que ele vetou o perdão a dívidas tributárias das igrejas. O montante do benefício chega a cerca de R$ 1 bilhão.
Em publicação nas redes sociais, Bolsonaro sugeriu, no entanto, que os congressistas derrubem seu próprio veto. O presidente explicou que só não manteve o dispositivo para evitar “um quase certo processo de impeachment”.
O estímulo à derrubada do veto foi reforçado em conversas com parlamentares da bancada evangélica.
Por volta de 10h30, o presidente chegou à chamada Catedral da Baleia para a Assembleia Geral Extraordinária da Convenção Estadual do Distrito Federal e Entorno, da igreja Assembleia de Deus de Madureira.
Também participou do evento o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que é médico.
Antes desafeto do presidente por causa das ações no combate ao novo coronavírus, Caiado elogiou Bolsonaro em seu discurso. Ele disse que o auxílio emergencial de R$ 600 evitou um “caos social” por causa do desemprego.
Bolsonaro novamente afirmou que estava certo em suas críticas ao isolamento social, relembrando os “passeios” que fazia no início da pandemia.
“Estamos aqui para, mais do que tomar decisões, para estar ao lado do povo, como estive no início da pandemia, em Ceilândia, Taguatinga, entre outros municípios. Sempre fui criticado que devia ficar em casa”, disse.
O presidente disse que o Brasil passou por “uma grande provação”. “Ou melhor, estamos no final dela. O momento que se abateu sobre todo o mundo. Na parte econômica, o Brasil foi o que melhor se saiu”, disse, sem apresentar dados.
Nesta sexta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que, a volta dos brasileiros às ruas já pressiona a taxa de desemprego no país.
Na quarta semana de agosto, o índice bateu 14,3%, o maior nível desde o início da pandemia. São, ao todo, 13,7 milhões de desempregados.
Em uma semana, segundo o IBGE, 1,1 milhão de pessoas ingressaram na fila do emprego no país, o que explica a pressão sobre a taxa de desemprego, que saltou de 13,2% para 14,3% –o indicador considera apenas as pessoas que disseram ter ido atrás de uma vaga no período pesquisado.
Além disso, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teve queda recorde de 9,7% no segundo trimestre.
Países como Japão e Estados Unidos tiveram retrações menores, de 7,8% e 9,1% (respectivamente), de acordo com dados compilados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).