Cerca de 38 milhões de brasileiros ficarão sem assistência num momento em que a pandemia ainda causa prejuízos sociais. O número corresponde às pessoas que receberam a primeira parcela, mas que não estão inscritas no CadÚnico (Cadastro Único) e, sendo assim, não vão receber o Bolsa Família depois do fim do benefício emergencial.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista José Carlos de Assis, professor aposentado de Economia Política e de Relações Internacionais da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), disse que a decisão de diminuir o número de beneficiários do auxílio emergencial gera um impacto emocional, pessoal e material nas pessoas que deixaram de receber o benefício.
“O impacto pessoal é terrível porque as pessoas se sentem desamparadas. O aspecto material é fundamental também porque as pessoas perdem acesso à comida. Isso do ponto de vista emocional também é muito ruim porque as pessoas perdem equilíbrio mental”, afirmou.
Segundo José Carlos de Assis, o fim do benefício do auxílio emergencial para 38 milhões pode levar ao aumento dos casos de Covid-19 no Brasil.
“Desse jeito nós podemos esperar situações gravíssimas que é a própria volta em larga escala da COVID-19. As pessoas, se não tiverem o mínimo para se sustentar materialmente, vão buscar meios de sobrevivência fora de casa, vão se expor e expor os outros. É esse o processo que infelizmente vai acontecer”, declarou.
A decisão de Bolsonaro de reduzir o auxílio emergencial para R$ 300 foi classificada por José Carlos de Assis como uma “estupidez”.
“Do ponto de vista econômico essa decisão do governo é uma estupidez, R$ 600 já era pouco, R$300 é uma insignificância”, afirmou.
Para o economista, o governo federal deveria investir em subsídios para pequenas e médias empresas para aquecer a economia.
“Onde o governo erra estupidamente é quando ele não investe em produção, simultaneamente na demanda. Porque obviamente vai haver um descompasso entre produção e demanda. Tinha que ter dado condições de produção e condições de oferta ao conjunto das empresas, sobretudo médias e pequenas, que estão quebrando”, completou.
Com Expresso do Sertão