Mulher doa 80 litros de leite materno em três meses, na PB: ‘Amor transbordando’

Mãe de primeira viagem de uma filha que nasceu prematura, a técnica de enfermagem Gerlane Alexandre dos Santos, de 20 anos, não consegue mensurar o tamanho do amor que sente pela pequena Aylla Vitória, de três meses. Quando o sentimento deixou de caber no peito, ela resolveu compartilhá-lo ajudando a salvar as vidas de outros bebês. Durante os três meses em que acompanhou a internação da menina, ela doou 80 litros de leite materno ao posto de coleta de leite humano do Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa.

“É amor transbordando em forma de alimento”, pontuou Gerlane.

Aylla nasceu no início de agosto, após 26 semanas de gestação, pesando 770 gramas. Preocupada com os diagnósticos de médicos que falaram que a criança não sobreviveria, Gerlane manteve a esperança. “Minha filha é um verdadeiro milagre”, reforçou.

Enquanto ajudava a Aylla a lutar pela vida, Gerlane também se colocou no lugar de outras mães, que enfrentavam um obstáculo a mais do que ela: a falta de leite materno para alimentar os próprios filhos.

Apenas nos três meses que acompanhou a filha no hospital, ela ordenhou 80 litros de leite para alimentar outras crianças que não conhece e, provavelmente, nunca vai conhecer. “Eu quis fazer parte da vida desses bebês”, declarou.

Equipe comemora alta de bebê que nasceu prematura após três meses de internação na Paraíba — Foto: Divulgação/HPMGER

Equipe comemora alta de bebê que nasceu prematura após três meses de internação na Paraíba — Foto: Divulgação/HPMGER

O grande volume de leite impressionou a equipe do hospital. Os profissionais da unidade perderam as contas de quantas crianças foram alimentadas por Gerlane, já que 5 ml do líquido são suficientes para uma refeição dos bebês.

“A doação de Gerlane, além de impressionante, é também inspiradora. Pois ordenhar demanda tempo, paciência, boa vontade e muito altruísmo”, destacou a capitã Cícera Reichert, gerente do posto de coleta.

Com a qualidade do leite materno de Gerlane, Aylla rapidamente ganhou peso e recebeu alta médica no início de novembro. A despedida da UTI foi celebrada como uma vitória e comemorada com muita alegria pelas equipes do hospital.

As doações, no entanto, não tiveram fim. Gerlane continua ordenhando, agora em casa com o serviço de coleta em domicílio, para permanecer alimentando e fortalecendo a outros bebês.

Potes com doações feita ao banco de leite do Isea, em Campina Grande — Foto: Reprodução/TV Paraíba

Potes com doações feita ao banco de leite do Isea, em Campina Grande — Foto: Reprodução/TV Paraíba

Paraíba tem seis bancos e 23 postos de coleta de leite materno, diz SES

A existência de um posto de coleta ou banco de leite materno é um dos requisitos para a implantação de UTIs neonatais na Paraíba, conforme informou a Secretaria de Estado da Saúde. Só em 2019, 4.839 bebês prematuros nasceram em municípios paraibanos.

O estado conta com seis bancos de leite materno, localizados nos municípios de João Pessoa, Campina Grande, Guarabira, Cajazeiras e Patos. A Paraíba também tem 23 postos de coleta, situados nas mesmas cidades e também em Sousa e Pombal.

No Hospital Edson Ramalho, as doações podem ser feitas diretamente no posto de coleta, mas também existe a coleta domiciliar. As mães recebem orientações e todo material necessário para ordenhar o leite em casa e a coleta é realizada por uma profissional da unidade três vezes por semana.

As mães que quiserem se tornar doadoras de leite podem entrar em contato com o Hospital da Polícia Militar através do telefone (83) 3211-7176, que funciona todos dos dias da semana.

G1