Estudantes do curso de História, na Universidade Federal da Paraíba, resolveram registrar um manifesto contra a nomeação de Valdiney Gouveia. Na placa da turma, no espaço destinado ao nome do reitor, eles preencheram da seguinte forma: “Reitora eleita pela comunidade acadêmica: Terezinha Domiciano Dantas Martins. Reitor menos votado e empossado: Valdiney Veloso Gouveia”, seguidos dos nomes do Chefe do Departamento de História, Fernando Cauduro Pureza, e do Coordenador do Curso de História, Mozart Vergetti Menezes.
O ClickPB conversou com uma estudante da turma idealizadora da placa. Ela confirmou que essa foi uma decisão unânime do grupo.
A placa apresenta também uma homenagem póstuma da turma a uma colega, a estudante Thayná Karoline de Lima, que deu nome à turma 2016.1 do curso de História da UFPB.
Na placa com protesto contra o reitor empossado Valdiney Gouveia, foi colocada a frase escrita pelo aluno Helton Cabral. “Em tempos de peste, desencanto e barbárie, mesmo repleta de incongruências e limitações, ainda assim, a História nos lembra que a ampliação de nossas humanidades futuras depende cada vez mais da compreensão de nossas desumanidades do passado, passado mais que presente de todos os dias.”
“O maior destaque da placa é a homenagem feita a nossa colega de curso Thayná Karoline Pontes, que infelizmente não está mais entre nós. Com relação aos nomes que de praxe aparecem na placa, coletivamente deliberamos diante dos acontecimentos que têm afetado toda a comunidade acadêmica, mais especificamente a escolha de Terezinha Domiciano pela maioria dos votos e a nomeação e posse de Valdiney Gouveia, o candidato menos votado. A posse foi contestada por diversos setores da sociedade civil, por alunos da universidade que estão atualmente ocupando o prédio da reitoria (ocupação Alph) e pela OAB. Como futuros historiadores não podemos deixar de nos posicionar e registrar para a posteridade os fatos que vêm ocorrendo no país e na UFPB, em meio ao contexto pandêmico. Defendemos a liberdade de expressão, a democracia, a autonomia universitária e a ciência, contra o autoritarismo e a barbárie”, destacou a turma em entrevista ao ClickPB.
O grupo conta que a placa “ainda não foi instalada nas dependências da universidade. Pretendemos fazê-la após devida a autorização do CCHLA e somente será feita quando as atividades acadêmicas forem retomadas de modo presencial, desde que respeitando todas as normas de salubridade pública.”
Questionados sobre o motivo da manifestação contra Valdiney, a turma pontuou que “a posse de vários reitores de instituições federais está sendo devidamente contestada nas instâncias judiciais, no caso o Supremo Tribunal Federal. É uma questão em aberto que deve ser julgada pelos órgãos competentes.”
Perguntados se temem a retirada da placa por causa da mensagem questionadora sobre o reitor, os estudantes disseram não temer “uma possível e hipotética retirada da placa, pois nos manifestamos em conformidade com os incisos IV e IX do artigo 5º e o parágrafo segundo do artigo 220 da Constituição Federal de 1988. Sua retirada violaria a livre manifestação de pensamento, configurando censura.”
Terezinha Domiciano foi a mais votada na consulta feita na UFPB. Mas o presidente Jair Bolsonaro nomeou o candidato menos votado como novo reitor da instituição de ensino. Mesmo estando dentro da lei a nomeação de Valdiney Veloso Gouveia, a escolha pelo nome dele, que ficou em terceiro lugar na consulta e teve apenas 5,35% dos votos, gerou revolta em parte da comunidade acadêmica.
A nomeação de Valdiney foi publicada no Diário Oficial da União do dia 5 de novembro. Ele ficará no cargo por quatro anos.
A Chapa 2, de Terezinha, obteve 964,518 votos contra 920,013 da Chapa 1, dos professores Isac e Regina, e 106,496 da Chapa 3, de Valdiney e Liana.
ClickPB