Em meio a atual guerra das vacinas, o presidente Vladimir Putin recorreu a um antigo símbolo soviético nesta quinta-feira (6) para destacar a eficácia da Sputink V.
Durante reunião com a cúpula de seu governo em Moscou, o líder russo afirmou que embora o Ocidente tenha produzido o que ele chamou de vacinas inovadoras, os imunizantes russos são mais seguros e confiáveis.
“Tão simples e confiáveis quanto um fuzil Kalashnikov”, afirmou ele durante um encontro com a vice-primeira-ministra, Tatiana Golikova, que foi transmitido ao vivo no país.
O Kalashnikov – também conhecido pela sigla AK-47 – é o fuzil mais vendido de todos os tempos, conhecido pelo baixo valor de produção (na comparação com outros armamentos semelhantes) e por quase nunca travar, funcionando em todas as situações climáticas.
Por isso, a arma foi adotada tanto por exércitos quanto por grupos rebeldes ao redor do mundo – em Moçambique, o fuzil aparece inclusive na bandeira do país devido à sua importância na guerra de independência.
Na Rússia, há um museu em homenagem ao AK-47, que ilustra produtos como guarda-chuvas, chaveiros e até uma vodka.
Assim como o fuzil foi exportado para todo o mundo, Putin também tem tentado usar a Sputink como moeda diplomática, levando o imunizante para países em desenvolvimento que têm encontrado dificuldade para conseguir as vacinas produzidas por empresas americanas e europeias.
Há dúvidas, porém, sobre a segurança da vacina russa – no fim de abril, a Anvisa negou autorização para que o imunizante fosse usado no Brasil, por exemplo.
Além de defender a eficácia do imunizante, Putin também revelou nesta quinta que seu país está produzindo uma nova vacina contra a Covid-19, chamada Sputnik Light, que requer a aplicação de apenas uma dose.
Segundo comunicado do fundo soberano da Rússia, responsável por financiar o desenvolvimento das vacinas no país, o novo imunizante tem uma eficácia de 79.4% –em comparação, a da Sputnik V é de 91.6% com duas doses.
Na reunião com a vice-primeira-ministra, Putin disse ainda ser favorável à quebra das patentes das vacinas contra o coronavírus. A declaração coloca o líder russo do mesmo lado que o presidente dos EUA, Joe Biden – seu maior rival na política internacional.
Na quarta (5), a Casa Branca anunciou uma mudança em sua posição histórica e passou a defender a quebra das patentes dos imunizantes contra a Covid-19.