‘Ele não está brincando, vai atirar para matar’, opina criminóloga Ilana Casoy sobre suspeito de chacina de família no DF

Forças de segurança ainda tentam encontrar o suspeito do quádruplo homicídio de uma família, no dia 9 de junho, em uma área rural de Ceilândia, a região mais populosa do Distrito Federal. Desde o dia do crime, os investigadores procuram por Lázaro Barbosa de Souza, de 32 anos. Segundo a polícia, ele invadiu a casa da família, localizada no Incra 9, no Núcleo Rural Alexandre Gusmão.

No local, Lázaro matou Cláudio Vidal, de 48 anos, e os dois filhos, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. Os três foram encontrados com marcas de tiros e facadas. A esposa de Cláudio e mãe dos jovens, Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, foi sequestrada e encontrada morta três dias depois, em um córrego da região.

Após os crimes, Lázaro fugiu para a região entre Cocalzinho e Edilândia, no Entorno do DF. Até o fim da tarde desta terça (15), ele não tinha sido encontrado. O G1 lista abaixo o que se sabe e o que falta saber sobre o crime.

VÍDEO: Polícia busca criminoso que matou casal e dois filhos no DF

VÍDEO: Polícia busca criminoso que matou casal e dois filhos no DF

O que se sabe

1. Quem são as vítimas?

Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, está desaparecida — Foto: TV Globo /Reprodução

Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, está desaparecida — Foto: TV Globo /Reprodução

Cláudio e Cleonice eram primos e estavam juntos há mais de 20 anos. O casal teve dois filhos, Carlos Eduardo e Gustavo. Nascidos no Distrito Federal, eles moraram a maior parte da vida em Ceilândia.

Ao G1, um familiar da vítima contou que o casal era tranquilo e não tinha “inimigos” que pudessem ter cometido esse tipo de crime. “A gente não consegue entender o que aconteceu”, afirmou.

Carlos Eduardo e Gustavo, segundo os parentes, eram “meninos tímidos” e não gostavam de tirar fotos. Apenas um deles tinha perfis nas redes sociais.

2. Como eles foram mortos?

Buscas para tentar localizar Cleonice,sequestrada após triplo homicídio, em Ceilândia ,noDF

Buscas para tentar localizar Cleonice,sequestrada após triplo homicídio, em Ceilândia ,noDF

Pai e os dois filhos foram encontrados com marcas de tiro e de facadas. Já Cleonice foi localizada sem as roupas, no córrego da Cascalheira, em Ceilândia, entre a BR-070 e a DF-180, a cinco quilômetros da casa onde morava. Segundo a polícia, o corpo tinha marcas de violência.

Policiais militares e civis, além de bombeiros participaram do resgate, utilizando cães farejadores, nas buscas pela mulher. A família foi enterrada na segunda-feira (14), sob forte comoção.

3. Como o caso é investigado?

Buscas para tentar localizar Cleonice,sequestrada após triplo homicídio, em Ceilândia,noDF — Foto: Michele Mendes / TV Globo

Buscas para tentar localizar Cleonice,sequestrada após triplo homicídio, em Ceilândia,noDF — Foto: Michele Mendes / TV Globo

O caso é investigado como quádruplo homicídio. No entanto, a polícia não descarta a hipótese de tentativa de latrocínio – roubo seguido de morte.

Os investigadores acreditam que Lázaro chegou à casa da família com a intenção de cometer um assalto. No entanto, Cleonice ligou para parentes pedindo socorro. Quando os familiares chegaram ao local, ele já tinha matado pai e filhos e levado a mulher. O suspeito não roubou nada da casa.

3. Quem é o suspeito?

Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos, é foragido da Justiça e procurado por chacina no DF — Foto: TV Globo / Reprodução

Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos, é foragido da Justiça e procurado por chacina no DF — Foto: TV Globo / Reprodução

A polícia chegou a Lázaro Barbosa de Souza após encontrar as digitais dele na casa onde ocorreu a chacina. O suspeito tem extensa ficha criminal e já era procurado, após fugas de presídios. Ele responde por um homicídio qualificado praticado na Bahia e também por dois roubos.

Segundo os investigadores, Lázaro é considerado perigoso e “autor de crimes bárbaros” (veja linha do tempo abaixo). Em 17 de maio deste ano, segundo a Polícia Civil, ele fez uma família refém na mesma região onde houve o triplo homicídio, também ameaçando as vítimas com faca e arma de fogo. Durante o crime, mandou as pessoas ficarem nuas.

“Analisando os mandados de prisão dele, obviamente a gente conclui que é uma pessoa extremamente violenta e autor de crimes bárbaros. A brutalidade com que as pessoas foram assassinadas chama atenção”, diz a polícia.

Um laudo psicológico feito em 2013 também aponta que Lázaro é “um psicopata imprevisível”, acostumado a andar e dormir no mato. Ele não tem residência fixa. Já morou em Barra Mendes (BA), em Águas Lindas de Goiás, em Girassol (GO) e no Sol Nascente, no DF.

No entanto, policiais encontraram pelo menos dois esconderijos do suspeito na região do Incra 9, com colchão, roupas, lona e água.

4. Para onde o suspeito fugiu?

Após o quádruplo homicídio, Lázaro seguiu em direção ao Entorno do DF. Primeiro, para a região de Cocalzinho e, nos últimos dias, para Edilândia. Durante a fuga, ele cometeu uma série de novos assaltos e chegou a deixar três pessoas baleadas. Na terça, dois PMs foram atingidos de raspão por tiros disparados pelo suspeito.

Linha do tempo dos crimes cometidos por Lázaro Barbosa de Sousa, deste a chacina no DF — Foto: Reprodução

Linha do tempo dos crimes cometidos por Lázaro Barbosa de Sousa, deste a chacina no DF — Foto: Reprodução

Enquanto isso, mais de 200 agentes de diversas forças de segurança do DF e de Goiás fazem esforços para encontrar o suspeito.

O que falta saber?

  • Qual a motivação do crime?
  • Como o criminoso fugiu do local?
  • Lázaro agiu sozinho ou contou com ajuda de alguém?
  • Cleonice foi abusada sexualmente?
  • Por que, três anos depois de fugir do Presídio de Águas Lindas de Goiás e ter mandado de prisão por homicídio praticado na Bahia, ele ainda não tinha sido capturado?
  • Como Lázaro tem conseguido escapar de cerco montado de mais de 200 policiais?

Outros crimes

Confira abaixo uma linha de tempo dos crimes cometidos por Lázaro neste ano:

  • 26 de abril
Casa onde ocorreu o triplo homicídio (chacina), no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, no DF — Foto: TV Globo / Reprodução

Casa onde ocorreu o triplo homicídio (chacina), no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, no DF — Foto: TV Globo / Reprodução

Lázaro teria invadido uma casa no Sol Nascente . “Ele arrombou a porta da casa, trancou pai e filho no quarto e levou a mulher para o matagal, onde estuprou a vítima”, diz a polícia.

  • 17 de maio

Lázaro fez uma família refém na mesma região (Sol Nascente). Segundo a polícia, ele ameaçou as vítimas com faca e arma de fogo. Nesse crime, mandou as pessoas ficarem nuas. E obrigou as mulheres que estavam na casa a servir jantar para ele.

  • 9 de junho

Quádruplo homicídio de Cláudio Vidal, de 48 anos; Gustavo Vidal, de 21; Carlos Eduardo Vidal, de 15. A mulher, Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, foi sequestrada pelo suspeito.

  • 10 de junho

Entre 11h e 15h, perto do Incra 9, ele rendeu o proprietário de uma fazenda, a filha dele e o caseiro. Conforme os policiais, Lázaro passou cerca de 4 horas no local.

  • 11 de junho
Carro incendiado encontrado em Cocalzinho (GO)  — Foto: Reprodução

Carro incendiado encontrado em Cocalzinho (GO) — Foto: Reprodução

Na madrugada, Lázaro roubou um carro em uma chácara e, segundo a Polícia Militar, incendiou e abandonou o veículo, em Cocalzinho (GO).

  • 12 de junho

Pela manhã, as equipes de segurança que procuravam por Cleonice encontraram o corpo dela no Córrego da Cascalheira, entre a BR-070 e a DF-180. No mesmo dia, já em Cocalzinho de Goiás, Lázaro atirou em pessoas e nos policiais que buscavam por ele.

  • 13 de junho
Carro abandonado queimado por Lázaro na BR-070, segundo a polícia — Foto: TV Globo / Reprodução

Carro abandonado queimado por Lázaro na BR-070, segundo a polícia — Foto: TV Globo / Reprodução

Lázaro furtou um carro e o abandonou na BR-070. Depois, segundo a polícia, ele continuou a fuga, pela mata.

  • 14 de junho

Polícias do DF e de Goiás fizeram um cerco em 34 propriedades rurais da região e continuaram as buscas. A Polícia Militar do DF reuniu o Batalhão de Policiamento de Choque (Patamo), de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), do Grupo Tático Operacional (Gtop) e do Batalhão Ambiental. A Polícia Civil, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária também participam do cerco.

g1