Após anunciar que Ministério da Saúde não entregou documentos, Anvisa diz que recebeu nesta quarta pedido para liberação de doses da Janssen

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na noite desta quarta-feira (30) que o Ministério da Saúde enviou a documentação necessária para a liberação de 2 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da fabricante Janssen que chegaram ao país na sexta-feira (25), doadas pelos Estados Unidos.

Mais cedo, a agência havia anunciado, em nota enviada ao G1 às 18h20, que o ministério não havia enviado a documentação para liberar essas doses. No entanto, às 19h45 a Anvisa publicou uma atualização e declarou que recebeu, no final da tarde, os “documentos complementares relativos à carga de 2.052.350 doses da vacina da Janssen”.

A Anvisa declarou ainda que já realizou a liberação para que essas doses possam ser distribuídas e que “não há mais documentos pendentes de apresentação”.

Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta, o governador de São Paulo João Doria (PSDB), acusou o Ministério da Saúde de reter 678 mil doses da vacina que deveriam ser distribuídas para o estado de São Paulo, de um total de 3 milhões de doses doadas pelos Estados Unidos.

A pasta afirmou que aguarda aval da Anvisa para começar a distribuição.

“A expectativa é de que a liberação seja realizada ainda hoje para que a distribuição seja feita em até 48 horas”, disse o Ministério da Saúde durante a tarde.

No início da noite, no entanto, a Anvisa afirmou ao G1 por meio de nota que o Ministério da Saúde só havia enviado a documentação necessária para a liberação das 947 mil doses recebidas no sábado (26), mas não para as 2 milhões de doses doadas e entregues na sexta-feira (25).

“Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde apresentou documentação referente à carga de 947.650 doses de vacina para Covid-19 da fabricante Janssen enviadas ao Brasil e a Anvisa realizou a liberação do lote para fins de distribuição. Contudo, a Agência ainda não recebeu documentação relativa à outra carga, de 2.052.350 doses”, disse a Anvisa, na primeira nota.

G1 questionou novamente o Ministério da Saúde sobre a documentação e aguarda retorno.

Governo de SP pede a liberação de doses

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (30), Doria pediu a “imediata liberação de 678 mil vacinas da Janssen que estão estocadas no deposito” e declarou que o lote está parado desde o dia 25 de junho.

“Faço isso em nome de todos os governadores dos estados brasileiros, porque essas vacinas da Janssen foram doadas pelo governo norte-americano para o Brasil, chegaram no Aeroporto Internacional de Viracopos na sexta-feira. Nós estamos no dia 30 de junho e elas ainda não foram distribuídas pro sistema nacional de imunização”, disse Doria.

Em geral, vacinas importadas passam por um controle de qualidade para atestar se as condições de segurança do produto foram mantidas durante a viagem, antes de serem distribuídas. O mesmo procedimento é feito com doses da CoronaVac e da AstraZeneca.

Governador João Doria (PSDB) em coletiva de imprensa na última quarta-feira (23) — Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Governador João Doria (PSDB) em coletiva de imprensa na última quarta-feira (23) — Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

Além destas 3 milhões de doses doadas pelo governo norte-americano, o Brasil já recebeu outras 1,8 milhão de doses da Janssen anteriormente.

Foram entregues 1,5 milhão de doses no dia 22 de junho e outras 300 mil unidades no dia 24 de junho. Estes lotes fazem parte de um contrato do governo federal com a farmacêutica que prevê a entrega de um total de 38 milhões de doses até dezembro.

Até esta quarta, 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen já foram distribuídas pelo governo federal por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI).

Vacina da Janssen

A vacina da Janssen, do grupo Johnson & Johnson, é aplicada em dose única. A Anvisa aprovou o uso emergencial do imunizante em 31 de março de 2021.

A doação das 3 milhões de doses ao Brasil é a maior já feita pelo governo dos Estados Unidos a qualquer país até agora. O principal assessor do presidente americano para a América Latina afirmou que a doação ao Brasil reflete “o foco dos EUA para combater a Covid numa das regiões mais afetadas pela pandemia”. A intenção da Casa Branca é compartilhar 55 milhões de vacinas em todo o mundo.

A agência de regulação sanitária norte-americana (FDA) aumentou a validade das doses, de três meses para quatro meses e meio, desde que armazenados em temperatura de 2° a 8°C.

g1