CPI ouve diretor de farmacêutica que bancou anúncios de drogas ineficazes contra Covid-19

A CPI da Covid ouve nesta quarta-feira (11) Jailton Batista, diretor da farmacêutica Vitamedic – empresa que bancou anúncios publicitários em defesa do uso de medicamentos ineficazes no tratamento da Covid.

Batista será ouvido na condição de testemunha. A previsão dos integrantes da CPI é de que o depoimento comece às 9h30.

De acordo com documentos obtidos pela CPI aos quais a TV Globo teve acesso, a Vitamedic pagou pela veiculação de anúncios nos principais jornais do país.

As peças publicitárias eram atribuídas ao grupo Médicos pela Vida e defendiam o uso de cloroquina, ivermectina, zinco e vitamina D – substâncias comprovadamente ineficazes contra a Covid. 

Disparada na produção

A Vitamedic é uma das principais produtoras de ivermectina no país. A própria empresa enviou dados à CPI que mostram que a produção e o faturamento com a venda do medicamento aumentaram de forma expressiva durante a pandemia.

A produção de caixas do medicamento pela Vitamedic, por exemplo, subiu mais de 1.000% na comparação entre os anos de 2019 e 2020.

Cruzando dados fornecidos pela própria farmacêutica à CPI, o faturamento da Vitamedic com a venda de caixas de ivermectina em 2020 foi de cerca de R$ 469,4 milhões. Esse valor é 2.925% superior ao faturamento de 2019 informado pela empresa, de R$ 15,5 milhões.

O grupo majoritário da CPI da Covid quer saber, com o depoimento de Jailton Batista, se a empresa atuou irregularmente para lucrar com a defesa de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 feita por autoridades públicas.

Contrariando estudos científicos, o presidente Jair Bolsonaro defende o uso desses medicamentos para o tratamento da doença.

A ivermectina é um vermífugo, utilizado para promover a eliminação de parasitas. Em fevereiro de 2021, o laboratório Merck, que também fabrica o produto, informou que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19.

O próprio Ministério da Saúde já enviou nota técnica à CPI da Covid em que afirma a ineficácia desses produtos. 

G1