ALGODÃO: um produto agroecológico capaz de gerar renda e movimentar a economia no Cariri paraibano

Durante os anos 80, o algodão foi considerado o “Ouro Branco do Nordeste”, garantindo a alavancada da economia no Semiárido nordestino. Mas, no final dos anos 80 a meados dos anos 90 (até 1995), muitos agricultores e produtores largaram a cultura do plantio da lavoura do algodão. Desestimulados por três fatores: a praga do Bicudo; a falta de assistência técnica e cada do preço do produto no mercado.

Com o passar do tempo, novos cenários estão sendo abertos para a expansão da produção do algodão. Aqui, destacamos a região do Cariri paraibano, com seus solos férteis capazes de alavancar o novo ciclo do algodão, em especial nos municípios de Taperoá e Livramento. Nesses municípios os agricultores estão embranquecendo seus campos, ou seja, estão cultivando novamente o “Ouro Branco”.  

Reunião realizada no dia 13 de setembro 2021, com produtores de Algodão em Consórcios Agroecológicos dos municípios de Livramento e Taperoá.

Agricultores dos municípios de Livramento e Taperoá são multiplicadores do Grupo Algodão em Consórcios Agroecológico, formado por 15 agricultores, são responsáveis por produzir e incentivar a produção do algodão agroecológico.

Unidos produzimos mais!

José Adeilton é do município de Livramento, comunidade Girau de Capim, sendo um dos primeiros agricultores a plantar o algodão agroecológico. Hoje, o plantio do algodão é realizado de forma consorciada com outras culturas (milho, feijão, gergelim, sogo e amendoim  ).   

“Esse nosso projeto vem desde 2009. Este ano todos os 11 agricultores produziram bem, o algodão agroecológico. A previsão para o próximo ano (2022), que o grupo esteja com 40 agricultores”, contou otimista o agricultor Zé Adeilton. 

Segundo o agricultor Zé Adeilton, em novembro de 2021, os agricultores do grupo receberam o Certificado de Agricultores Orgânicos. “Contamos com parceiros, entre eles a ACEPAC (Organismo Participativo de Aceitação da Conformidade que promove organização social através da agroecologia e da certificação orgânica participativa), fica na Prata em Campina Grande, sendo certificada com o Selo Orgânico”, explicou o produtor que também faz parte da associação.              

O secretário de agricultura do município de Livramento, Gabriel Montenegro, explicou que a produção do Projeto de Algodão Em Consórcios Agrológico de Livramento e vendida a empresa Veja Vert, com destino final da fibra para a França.

“O agricultor faz o contrato com o Grupo Veja. Esse contrato é lavrado antes de produzir o algodão, caso o agricultor queira receber 50% da produção, ele já recebe. Ao preço de 13,80 R$, por quilo. A gestão municipal estar fomentando um projeto de lei, que garanta bonificação aos agricultores, estimulando assim, uma maior produção, relatou o secretário Gabriel. 

Em relação ao beneficiamento do algodão agroecológico, o secretário Gabriel, informou que processo de produção será realizado na Usina instalada no município de Taperoá. “Devido a localização geográfica, e com muita luta, conseguimos essa usina para Taperoá. Agora, nossos agricultores poderão desfibrar o algodão mais próximo do município”, contou o secretário de agricultura de Livramento.   

O professor e agricultor Joacir Fernandes, dedica seu tempo fora das atividades escolares, a produção agrícola voltada ao algodão agroecológico, em sua propriedade na comunidade Passagem Limpa, em Livramento.

“O algodão é plantado em consorcio com outras culturas.  Seguimos um processo técnico do plantio a colheita. E nossa principal condição: é não usar agrotóxico. Nosso produto é agroecológico. E produz muito bem”! Exaltou o educador Joacir.         

O futuro será agroecológico

Os próximos municípios a fortalecer o Projeto de Algodão Agroecológico serão, São José dos Cordeiros e Desterro.

“Estamos fazendo o levantamento dos agricultores que tem perfil para atividade, para logo após o município receber a visita de um representante do programa para conversar com os produtores e futuramente fazer parte de fato do projeto, informou a secretária de agricultura de São José dos Cordeiros”, Paolla Leite.    

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O Projeto de Algodão Agroecológico recebe assistência técnica da entidade Arribaçã (Remígio-PB), e certificado pela ACEPAC, já o processo de venda é realizado pela organização social Diaconia (Recife-PE).      

Por: Marcos Lima (Cariri em Ação)