A empresa Greencare, do mercado de produtos à base de canabinoides, fará pesquisas com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e outras universidades sobre o uso de cannabis medicinal nos tratamentos contra a Covid-19, endometriose, doença de Parkinson e transtornos de ansiedade. A Greencare anunciou investimento de R$ 15 milhões nos estudos.
Segundo a empresa, existem seis estudos em andamento dos quais um está em andamento e em fase de recrutamento de pacientes pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e dois já receberam aprovação dos respectivos comitês de ética das Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), de acordo com informações enviadas ao ClickPB. Os outros três estudos deverão ser anunciados em 2022.
“A geração de evidências faz parte de nossa estratégia de nos posicionarmos como uma indústria farmacêutica tradicional, cujo foco é a educação médica por meio de informações baseadas na ciência e na oferta de produtos de qualidade”, afirma Martim Mattos, CEO da GreenCare. No final de fevereiro deste ano, a empresa anunciou um aporte de R$ 40 milhões para ampliação de sua equipe de consultores, investimentos em pesquisas e aquisição de uma fábrica.
Inédito no mundo, o estudo da Unifesp será coordenado pelo ginecologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose, Eduardo Schor, e, conduzido pela Drª Thaís Marques Federico, também vinculada à Unifesp e avaliará o canabidiol como mais uma opção na busca de melhoria da qualidade de vida das mulheres que sofrem com dor devido à endometriose.
“Aguardamos com grande expectativa por bons resultados. Vários estudos que utilizaram canabidiol no tratamento de síndromes dolorosas se mostraram efetivos. Como o mecanismo da dor na endometriose é semelhante, ou seja, é uma dor neuropática, a possibilidade de sucesso é bastante promissora”, avalia Schor, que também é professor na instituição de ensino.
Os tratamentos farmacológicos tradicionais se concentraram em terapias hormonais, focados na diminuição do estrogênio circulante que alimenta o processo inflamatório, com o objetivo de diminuir a dor causada pelas lesões endometriais ectópicas. Essa abordagem pode controlar a extensão da doença, mas geralmente falha numa solução duradoura para a dor pélvica associada.
Opções alternativas para o manejo da dor e melhora da qualidade de vida dessas pacientes têm sido discutidas pela comunidade científica em todo o mundo. A pesquisa da Unifesp em parceria com GreenCare abre uma nova possibilidade de tratamento cujas expectativas são bastante elevadas por parte da comunidade científica. Diferentes estudos nacionais e internacionais confirmam a eficácia do canabidiol no tratamento de diversos tipos e origens da dor.
“Trata-se do primeiro estudo no mundo a ser realizado com canabidiol em mulheres com endometriose. Portanto, acreditamos que sua repercussão deverá ser internacional”, avalia Martim Mattos.
Já o estudo da GreenCare em parceria com a USP tem como foco avaliar a eficácia e segurança do uso oral de um extrato purificado de Cannabis no tratamento dos sintomas não motores da Doença de Parkinson, com ênfase na dor, mas também na sua qualidade de vida, sintomas motores, sintomas de ansiedade e de depressão.
Na UFPB, a parceria com a GreenCare acontecerá através de estudo para avaliar a eficácia do CBD para os transtornos de ansiedade, assim como verificar o papel do CBD no manejo do Transtorno de Ansiedade Pós-Traumático (TEPT), visto sua grande prevalência e projeção decorrente da pandemia da Covid-19 e o uso do CBD para o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Helena Joaquim, Medical Affairs da GreenCare, considera que a importância dessa iniciativa é contribuir com evidências científicas que possam se traduzir em benefício para uma população que não encontra solução nos tratamentos mais usuais. “É mais uma iniciativa da Greencare para gerar evidências cientificas robustas que possam contribuir com a evolução da ciência e no uso de canabidiol na medicina. Não estamos propondo a substituição de um medicamento (ou abordagem terapêutica) pelo canabidiol, mas sim, investigando uma ferramenta a mais para que esses médicos possam acrescentar na sua prática clínica”, pontuou.