Brasil chega a 70% dos adultos com esquema vacinal completo contra Covid

O Brasil chegou, nesta quinta-feira (28), a 70,49% da população adulta com esquema vacinal completo contra a Covid. Ou seja, entre as pessoas de 18 anos ou mais, 7 em cada 10 já tomaram as duas doses da vacina ou então o imunizante de dose única.

Na semana passada, em 20 de outubro, o país alcançou outra marca animadora: mais de 50% da população total com o esquema vacinal completo. Outro feito recente, do dia 13 de outubro, foi atingir o número de mais de 100 milhões de pessoas totalmente imunizadas.

Agora, somadas as segundas doses e os imunizantes de dose única, o país fecha esta quinta com 114.253.388 pessoas com o esquema concluído.

Nesta quinta, foram registradas 269.794 primeiras doses, 936.087segundas, 4.387 doses únicas e 366.125 aplicações de reforço.

Entre outros números, o país tem 72,32% da população com uma dose (154.265.235 pessoas) e 53,56% com esquema vacinal completo.

É importante lembrar, porém, que a imunização só é considerada efetiva duas semanas após a aplicação da segunda dose, conforme alertam especialistas.

Os dados do país, coletados até 20h, são fruto de colaboração entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são recolhidas pelo consórcio de veículos de imprensa diariamente com as Secretarias de Saúde estaduais.

Os números atingidos nas últimas semanas contrastam com os problemas que a vacinação contra a Covid enfrentou no Brasil no início da campanha, como falta de doses e atrasos. A alta adesão ao programa de imunização difere ainda da postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que não se vacinou contra o coronavírus.

O mandatório, além disso, já levantou diversas vezes dúvidas quanto à importância e à segurança dos produtos. Na última semana, Bolsonaro chegou a associar a vacina contra Covid com o desenvolvimento da síndrome da imunodeficiência adquirida, a Aids –o que é falso. O vídeo em que ele fez essa fala foi, dias depois, apagado por Facebook, Instagram e YouTube.

“São números obviamente muito bons”, resume Renato Kfouri, pediatra e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Segundo ele, a expectativa é que, até o fim do ano, 100% da população do país tenham tomado a primeira dose e mais de 90% estejam totalmente imunizados.

“Vamos passar todo mundo”, completa o especialista. Ele lembra que alguns países, como os Estados Unidos, alcançaram antes porcentagens elevadas de população vacinada, mas agora estão com dificuldade para avançar mais.

Atualmente, os EUA têm 69% da população adulta com esquema vacinal completo, segundo dados do CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA). Os 60%, no entanto, já foram atingidos há bastante tempo, desde o dia 25 de julho. Em comparação, o Brasil atingiu 60% há exatos 20 dias, em 8 de outubro.

Os EUA enfrentam forte desconfiança e rejeição vacinal. Até mesmo pessoas públicas têm abertamente recusado a vacina e, com isso, impactado até o trabalho que realizam. Um dos exemplos mais conhecidos é o do jogador da NBA, a liga de basquete profissional americano, Kyrie Irving, um dos astros do Brooklyn Nets. O time afastou o armador até que ele se vacine.

Já no Brasil, a vacinação contra a Covid têm a confiança de grande parte da população. Segundo pesquisa Datafolha, a adesão à vacina chega a 94% das pessoas.

Mas, apesar dos marcos positivos recentes, reforça Kfouri, a pandemia ainda não acabou e os cuidados permanecem essenciais. O uso de máscaras, com especial atenção a lugares fechados, sem ventilação, deve ser mantido, avalia o médico.

O alerta para não abaixar a guarda vem dos especialistas e das experiências recentes de outros países, que voltaram a enfrentar problemas principalmente após a expansão da variante delta. Israel, por exemplo, com a vacinação já consideravelmente avançada, começou a flexibilizar o uso de máscaras até para ambientes fechados. Com o crescimento das infecções, por causa da delta, no entanto, o país teve que recuar de seus planos.

Kfouri também ressalta que um dos desafios do momento para o Brasil é alcançar a parte da população que está com segundas doses atrasadas.

Somado a isso, vale lembrar que o chamado esquema vacinal completo (de duas doses ou dose única) se mostrou incompleto recentemente em alguns locais. Isso porque, com o passar dos meses, percebeu-se a queda dos níveis de proteção das vacinas – algo que não chegou a ser surpreendente para os cientistas.

Com isso, foi verificada a necessidade de doses de reforço. O Brasil oferece, no momento, essas injeções para maiores de 60 anos, profissionais de saúde e pessoas com problemas de imunidade.

Considerando as 7.825.324 doses de reforço aplicadas até o momento, isso representa cerca de 20% de cobertura vacinal para os públicos de pessoas com mais de 60 anos e profissionais de saúde.

A variante delta, detectada inicialmente na Índia, mais transmissível, também transformou a ideia de imunidade de rebanho em uma realidade mais distante no mundo.

Segundo o diretor da SBim, oferecer doses de reforço para os idosos é o mais importante neste momento, considerando o esmorecer da proteção vacinal e a maior chance de óbito e hospitalização conforme avança a faixa etária.

“A atenção deve ser dada para esse grupo que está perdendo a proteção e se deve insistir que as coberturas devem estar altas nos mais vulneráveis. Esses têm que estar adequadamente protegidos enquanto temos alta circulação do vírus”, diz o especialista.

MORTES

Nesta quinta, também foram registrados 399 mortes por Covid e 15.054 casos da doença. O país, dessa forma, chegou a 607.125 vidas perdidas desde o início da pandemia e a 21.780.474 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia.

Já as médias móveis de óbitos e de casos permanecem em estabilidade, sem variações superiores a 15%, em relação aos dados de duas semanas atrás. As médias agora são de 337 mortes por dia e de 11.986 infecções diárias.

A iniciativa do consórcio de veículos de imprensa ocorreu em resposta às atitudes do governo Jair Bolsonaro (sem partido), que ameaçou sonegar dados, atrasou boletins sobre a doença e tirou informações do ar, com a interrupção da divulgação dos totais de casos e mortes. Além disso, o governo divulgou dados conflitantes.

FolhaPress