Desemprego cai para 11,6% em novembro, mas rendimento real é o menor da série do IBGE

A taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,6% no trimestre encerrado em novembro de 2021, informou nesta sexta-feira (28) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado veio um pouco abaixo das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 11,7%.

Conforme o IBGE, o número de desempregados foi estimado em 12,4 milhões entre setembro e novembro. Diminuiu 10,6% (menos 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre terminado em agosto e caiu 14,5% (menos 2,1 milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre móvel de 2020.

No trimestre anterior, finalizado em agosto de 2021, a taxa de desocupação estava em 13,1%. Entre setembro e novembro de 2020, era de 14,4%.

Pelas estatísticas oficiais, uma pessoa está desempregada quando não tem trabalho e segue à procura de novas oportunidades. O levantamento do IBGE considera tanto o mercado formal quanto o informal.

A população ocupada (94,9 milhões de pessoas) cresceu 3,5% (3,2 milhões a mais) frente ao trimestre anterior e subiu 9,7% (8,4 milhões de pessoas a mais) frente ao mesmo trimestre de 2020.

“Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação que podemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações”, afirma a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

A renda, contudo, voltou a cair na média. O rendimento real habitual do trabalho, de R$ 2.444, recuou 4,5% frente ao trimestre anterior e diminuiu 11,4% em relação a igual trimestre de 2020. É o menor nível da série histórica, iniciada em 2012.

“Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores”, diz Adriana.

Com a crise gerada pela pandemia, o desemprego teve um salto no país –a taxa chegou a se aproximar de 15%. Ao longo de 2021, o indicador deu sinais de trégua, no embalo da reabertura de atividades econômicas.

A criação de postos de trabalho, contudo, vem sendo acompanhada pela queda na renda média, que é afetada pela escalada da inflação.

As dificuldades persistentes no mercado de trabalho e o avanço dos preços afetam o consumo das famílias, um dos motores do crescimento do país. Não à toa, as previsões para o desempenho da economia em 2022 vêm sendo revisadas para baixo.

A mediana das estimativas do mercado financeiro sinaliza avanço de apenas 0,29% para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, conforme o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central) na segunda-feira (24). Há, inclusive, casas de análise que apostam em recuo do PIB.

De acordo com analistas, a fragilidade da economia como um todo ameaça a incipiente melhora do mercado de trabalho.

FolhaPress