O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta segunda-feira (21) que sabe que não é “tão inteligente assim” e diz que pediu sabedoria a Deus, em referência a uma passagem bíblica, mas também coragem.
A declaração ocorreu durante uma pequena comemoração no Palácio do Planalto pelo aniversário do chefe do Executivo, que fez 67 anos.
“Tem uma passagem bíblica que fala que alguém pediu sabedoria. Eu sei que não sou tão inteligente assim, e eu pedi mais do que isso a Deus, eu pedi coragem para poder decidir”, disse Bolsonaro.
“Quem vem da política sabe, se eu fiquei 28 anos na Câmara, com todo o respeito… a gente sabe das pressões, das ingerências de outros poderes, e estamos vivos e em pé hoje apesar dos problemas”, concluiu.
Depois, o presidente admitiu ser “um pouco grosso de vez em quando” e falar “uns palavrões ali”. “Mas a gente está com a verdade e entendo que todos nós estamos com Deus”.
Seu discurso ocorreu depois de uma oração do ministro Milton Ribeiro (Educação), e de discursos da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Célio Faria Jr., seu chefe de gabinete. Os dois primeiros são pastores.
As falas da festa de aniversário foram transmitidas pelas redes sociais do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Estavam presentes na comemoração assessores mais próximos, ministros e até o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, cotado como eventual substituto de Braga Netto na Defesa.
O general deve ser vice na chapa do presidente, que busca se reeleger e está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece à frente na disputa.
Em determinado momento do discurso, Bolsonaro relembrou ter dito mais cedo que seu vice seria mineiro, e falou, em tom de brincadeira: “Temos aqui Paulo Guedes e Braga Netto”.
O ministro da Economia disse, apontando para o general: “O mineiro é este”.
Em entrevista à Jovem Pan nesta manhã, o chefe do Executivo disse que seu vice deve ser uma pessoa nascida em Minas Gerais e que ele não deve ter ambições de assumir a cadeira presidencial ao longo de um eventual segundo mandato.
Braga Netto é nascido em Belo Horizonte (MG).
Durante outro trecho de seu discurso na festa de aniversário, Bolsonaro citou novamente Paulo Guedes. Disse que, se está ruim com ele, seria pior sem ele.
Comentando as dificuldades que passou o governo -“dois anos de pandemia, crise ideológica, geada, seca, guerra do outro lado do mundo”-, disse que, apesar disso, “estamos bem”.
“Às vezes, Paulo Guedes, quando alguém fala alguma coisa de você, a gente fala: Oh, se está ruim com o Paulo Guedes, pior sem ele. E é o que nós temos, a lealdade entre todos nós aqui para enfrentarmos esses desafios”, disse.
Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, uma ala do entorno de Bolsonaro defende “esconder” o ministro da Economia durante a campanha.
Além de políticas econômicas impopulares, eles temem declarações polêmicas do ministro, como quando falou recentemente que há mais iPhones no Brasil do que população.
Em outro trecho de seu discurso, Bolsonaro mencionou três pessoas que supostamente querem “atrapalhar o destino” do país, e disse que “vão caindo”.
Apesar de não mencionar diretamente os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), ele já usou o mesmo termo em outros momentos para se referir a Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
“Nós vemos, por outro lado, quem quer atrapalhar, não mais que três pessoas querem atrapalhar o destino do nosso país. E como que por milagre eles vão caindo, como caiu há pouco tempo mais um”, disse, mas não fica claro ao que ele se refere.
FolhaPress