Virologista diz que o Brasil pode estar começando a viver a 4ª onda da covid

O Brasil pode estar começando a viver a 4ª onda da pandemia da covid-19. A avaliação neste sentido é do virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que monitora e sequencia o genoma do vírus circulante no país, publicada em reportagem na BBC News Brasil, nesta quinta-feira.

A observação de Spilki se fundamenta nos números da pandemia nas últimas semanas, registrando uma alta de 78,3% de novos casos. A média móvel registrada em 26 de abril era de 14.600 novos casos. Em 31 de maio, a média móvel já era de 26.032 novos casos por dia.

“Estamos observando esse processo desde metade de abril, mas com um ritmo maior agora. É o início de uma quarta onda, mas felizmente ainda não se compara ao que o Brasil já passou”, diz Fernando Spilki.

As causas do aumento dos casos de covid no Brasil nas últimas semanas, segundo o virologista, são a presença de variantes com alta transmissibilidade, o relaxamento das medidas preventivas e a redução da imunidade contra covid-19 meses após a vacinação.

O dado positivo é que, com o avanço da vacinação, os casos não têm a mesma gravidade das ondas anteriores.

Em que pese essa circunstância, o virologista Fernando Spilki chama a atenção para um problema que pode atrapalhar o acompanhamento das autoridades e da população para o novo momento da pandemia: a qualidade das informações coletadas e fornecidas pelos órgãos públicos de saúde.

Com a superação da terceira onda e o avanço da vacinação, as autoridades sanitárias do país não apenas revogaram as medidas preventivas contra a vocid-19, mas também relaxaram no acompanhamento, deixando de divulgar os boletins diários, o que gera uma situação de subnotificação dos novos casos.

Na avaliação de Spilki, o Brasil não vai viver situações parecidas com as ocorridas em 2020 e 2021 em razão da vacinação de amplos setores da população, mas é fundamental que as autoridades sanitárias mantenham o controle da pandemia.