Ao tomar posse, Cida Gonçalves também defendeu mais recursos para área e classificou Bolsonaro como ‘machista, misógino e racista’
A especialista em gênero e violência contra mulher Cida Gonçalves assumiu ontem terça-feira (3) o comando do Ministério das Mulheres.
A transmissão do cargo para Cida aconteceu em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), local que funcionou como sede do governo de transição.
Em seu discurso, a ministra fez agradecimentos aos movimentos feministas, às mulheres, a ex-presidente Dilma Rousseff, ao grupo técnico da transição de governo, à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, à governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, aos ministros do novo governo e ao presidente Lula.
Cida disse que o Ministério das mulheres será uma pasta “de todas as mulheres”, independentemente de terem votado no governo atual ou não. A ministra disse ainda que a pasta fará a “defesa radical da garantia dos direitos das mulheres”.
“Antes de mais nada é importante pontuar: este será o Ministério de todas as mulheres. As que votaram e as que não votaram conosco. E das diversas mulheres que compõem a nossa sociedade. Negras, brancas, indígenas, LGBTQIA+, as do campo, da cidade e das águas. Será um Ministério de todas, e com um norte muito definido. Faremos a defesa radical da garantia dos direitos das mulheres”, disse a ministra.
Cida disse ainda que esta é a primeira vez que um governo terá uma pasta dedicada exclusivamente às mulheres com status de ministério.
“Pela primeira vez, teremos uma área no governo dedicada às mulheres com a nomenclatura de Ministério”, afirmou.
Cida Gonçalves também criticou a gestão da antecessora na função, a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF).
“No governo anterior, [a pasta] passou a ser chamada de Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Foi uma usurpação, pois não cuidou das mulheres, das famílias e nem dos direitos humanos. Muito pelo contrário. A destruição dos direitos das mulheres no último governo não foi um acaso, mas um projeto. Um projeto político de invisibilização e sujeição da mulher”, afirmou.
Ela também citou os altos índices de feminicídio registrados nos últimos anos e prometeu combater a violência contra a mulher.
Durante a cerimônia, foram exibidos vídeos das ex-ministras Emília Fernandes e Eleonora Menicucci. As ministras que chefiavam a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no último governo não compareceram.
Estrutura
A ministra afirmou também que os trabalhos do Ministério da mulher serão centrados em três eixos:
Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência: objetivo da pasta será reconstruir o programa Mulher Viver Sem Violência. A secretaria também pretende retomar a Casa da Mulher Brasileira, que atende mulheres vítimas de violência sexual.
Secretaria Nacional de Autonomia e Cuidados: objetivo da pasta é inserir mulheres no mercado de trabalho.
Secretaria de Articulação Institucional e Participação Política: auxiliar organismos de políticas para mulheres.
A secretaria-executiva ficará a cargo da professora e líder sindical Maria Helena Guarezi.
Ministras presentes
Algumas ministras do novo governo participaram da cerimônia, entre as quais:
Marina Silva (Meio Ambiente)
Margareth Menezes (Cultura)
Sonia Guajajara (Povos Indígenas)
Daniela Carneiro (Turismo)
Anielle Franco (Igualdade Racial)
Esther Dweck (Gestão)
“É uma honra partilhar a mesa com tantas ministras de Estado do governo que mais nomeou mulheres para seus Ministérios. Somos 11 mulheres no ministério. E ainda: duas mulheres no comando dos dois bancos estatais nacionais do País: a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil”, disse Cida Gonçalves.
Cerimônia musical
A cerimônia foi marcada por apresentações musicais. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, chegou a cantar um trecho de “Maria, Maria”, de Milton Nascimento. “Tocando em frente”, de Almir Sater, e outras canções também foram executadas.
As músicas foram interpretadas pela cantora Myrla Muniz.
O termo de posse já havia sido assinado no último domingo (1º) durante cerimônia com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
Uma mensagem da primeira-dama, Janja da Silva, a Cida Gonçalves foi lida na solenidade. No documento ela defendeu a virada de jogo “contra o machismo e a misoginia”.
Perfil
Antes de ser ministra, Aparecida Gonçalves foi secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.
Cida também já ocupou os cargos de assessora técnica e política da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher de Mato Grosso do Sul (1999-2000) e de assessora da Coordenadoria de Atendimento a Mulher da Secretaria de Estado de Assistência Social Cidadania e Trabalho (2001-2002).
Ela participou ainda do processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil.
FONTE: Click PB