Pagamentos mensais foram realizados por 14 anos mesmo após a expulsão do ex-major Ailton Barros da corporação
O Exército desembolsou um total de R$ 4,6 milhões em pensões para Marinalva Barros, ex-esposa de Ailton Barros, após sua expulsão da corporação. Ailton, que era tratado como “segundo irmão” por Jair Bolsonaro (PL), está preso sob suspeita de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19, que teria beneficiado o ex-presidente.
O pagamento das pensões a Marinalva ocorreu ao longo de 14 anos, entre abril de 2009 e abril deste ano, totalizando o valor bruto de R$ 4,6 milhões (ou R$ 3,3 milhões sem correção pela inflação). Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Curiosamente, nos registros do Exército, Ailton é considerado “morto ficto” para fins burocráticos, o que permitiu que Marinalva continuasse a receber a pensão, mesmo ele estando vivo.
Ao ser procurada, Marinalva afirmou que não é mais casada com Ailton, porém, continua sendo a destinatária da pensão do ex-major, conforme consta no Portal da Transparência do governo federal. Ela limitou-se a dizer: “prefiro ficar neutra disso tudo”, referindo-se às suspeitas contra o ex-marido.
A pensão foi instituída em outubro de 2008, mas o primeiro pagamento só foi realizado em abril do ano seguinte, e atualmente corresponde a uma renda mensal bruta de R$ 22,8 mil (ou líquida de R$ 14 mil). Ailton Barros foi expulso do Exército em 2006, após ser condenado pela Justiça Militar por jogar seu carro contra dois militares. Durante o processo de desligamento, ele foi promovido a major. Aliado de Bolsonaro, Ailton candidatou-se a deputado pelo PL em 2022, mas não foi eleito.
A existência de pensões pagas a herdeiros de militares vivos é uma peculiaridade, uma vez que os militares têm 10,5% de seus salários descontados mensalmente para que seus beneficiários recebam pensão após sua morte. No entanto, uma lei de 1960, mantida na última reforma previdenciária, garante o benefício a militares expulsos que ainda estão vivos.
FONTE: Brasil247