Bolsas ajudam quem quer voltar a estudar depois de adulto

Alternativa para quem quer concluir os estudos, a modalidade de ensino Educação para Jovens Adultos (EJA) tem hoje mais de 3,4 milhões de alunos no país. São estudantes que, por diferentes motivos, tiveram de abandonar a sala de aula e agora retornam em busca de melhores oportunidades e colocação no mercado de trabalho.

Não há idade limite para voltar a estudar. Exemplo disso é a história da Renata Santos, de 38 anos, que no ano passado retomou a rotina com livros e cadernos. Agora em agosto, ela se forma no Ensino Médio e já tem planos de cursar a faculdade de Enfermagem.

O caminho até voltar à escola foi longo. Aos 25 anos, Renata ainda cursava a oitava série do Ensino Fundamental. Como não tinha mais a idade padrão para a série que frequentava, assistia às aulas em uma turma separada. Trabalhava fazendo faxinas e não conseguia conciliar as duas atividades.

Precisou priorizar o emprego, e abandonou os estudos. Apesar disso, Renata sempre manteve o sonho de voltar para o mundo dos livros e do conhecimento. Até que ficou sabendo das bolsas do Educa Mais Brasil para a modalidade EJA.

“Queria voltar, mas não conseguia porque precisava de algum dinheiro para pagar os estudos. Até que fiquei sabendo da bolsa do Educa Mais Brasil. Foi fundamental para eu acabar o Ensino Médio. Se não tivesse a bolsa, não conseguiria voltar para sala de aula”, conta Renata.

Hoje, Renata estuda no Colégio Delta, em Aracaju, Sergipe, instituição privada onde há aproximadamente 150 alunos na modalidade EJA. A história dela é bem parecida com a de outros estudantes brasileiros, diz a coordenadora do Ensino Médio e EJA, Adriana Prado Silva. “Infelizmente, a maior causa do abandono escolar é financeira. Muitos alunos têm que escolher entre trabalhar ou estudar”.

Do desemprego à contratação

A operadora de caixa Karoline Gadelha, de 24 anos, tem uma história inspiradora para quem acredita no poder da educação. Natural do Amazonas, ela havia abandonado o segundo ano Ensino Médio em 2014. Depois, mudou-se para Curitiba, conheceu o marido e ficou grávida. A volta à sala de aula, em meados de 2016, foi decisiva para entrar no mercado de trabalho. “Percebi que, em cidade grande, eu era muito cobrada para ter estudos. Procurava emprego e recebia ‘nãos’ por não ter o Ensino Médio”, lembra Karoline.

Foi então que conheceu o programa Educa Mais Brasil, por meio de um funcionário do marido. Contemplada com a bolsa, Karoline lembra de todo apoio que recebeu para cursar o EJA e terminar os estudos. “Na própria escola, me ajudaram bastante. Minha filha tinha recém nascido, eu precisava levar ela para a sala e as pessoas me ajudavam a cuidar enquanto eu assistia às aulas”.

Em abril deste ano, Karoline já se preparava para terminar os estudos quando começou a procurar emprego. No mesmo dia em que recebeu seu certificado de conclusão, mudou o currículo para “Ensino Médio Completo”. Dos 10 primeiros currículos que enviou, foi chamada para entrevistas em oito. Hoje, trabalha como operadora de caixa em uma loja de construção, e tem o sonho de cursar a faculdade de Ciências Contábeis.

Retorno à sala de aula traz esperança

Quando Rafael Santos Souza, de 26 anos, abandonou a escola aos 16, no sexto ano, imaginou que jamais voltaria a estudar. O diploma do Ensino Médio, então, era um sonho distante. Apesar disso, há dois anos ele percebeu que teria condições financeiras de voltar a estudar na modalidade EJA e se encheu de esperanças. A bolsa de 50% oferecida pelo Educa Mais Brasil foi determinante para retomar os estudos. “Quando vi que poderia rolar, essa chama reacendeu e foi muito bom”, conta.

Morador de Itarantim, na Bahia, ele recorda que seu reencontro com a vida escolar superou todas as expectativas, pois encontrou uma escola diferente e transformadora. “Eu nunca pensei em voltar, quando isso aconteceu vi que as coisas tinham se renovado. Fiquei tão feliz e foi tão bom que pagava até antes mesmo de vencer”, relata.

Rafael trabalha em uma empresa de contabilidade e comemora já ter completado o Ensino Fundamental. Falta pouco para ele realizar o sonho de ter o diploma do Ensino Médio. “Em dois anos vou estar formado. Com isso, vou poder me inscrever em concursos públicos, fazer cursos técnicos e crescer profissionalmente”, comemora.

Transformação de vida

A busca por melhores vagas e colocação no mercado de trabalho é o principal motivo que leva os alunos de volta às salas de aula. Mas não é só isso. “Existe também a autoestima do aluno, de perceber que outros estão finalizando e ele vai ficando para trás. O próprio aluno decide que precisa retomar os estudos para se sentir melhor”, diz Adriana.

Renata concorda. “Estou muito feliz porque vou ter uma transformação de vida. Ficava com vergonha porque não tinha o Ensino Médio. Agora já consigo acompanhar os estudos dos meus filhos, que são adolescentes”, comemora.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino voltada para jovens e adultos que não terminaram os estudos ou que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental ou Ensino Médio na idade apropriada. Para se inscrever, é preciso ter no mínimo 15 anos (no caso do Ensino Fundamental) ou 18 anos (no caso do Ensino Médio).

Como funcionam as bolsas do Educa Mais Brasil

O Educa Mais Brasil oferece bolsas de estudo de até 70% para Ensino Básico, Graduação, Pós-Graduação, Cursos Técnicos e Profissionalizantes e Educação Jovens e Adultos (EJA), entre outras. São bolsas destinadas a estudantes que não podem pagar uma mensalidade integral. As inscrições para o programa são gratuitas e podem ser feitas através do site www.educamaisbrasil.com.br .

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