‘Ninguém vai sair de paletó limpinho’ da eleição, diz Ciro

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato a presidente pelo PDT, disse nesta terça-feira, 24, que nenhum candidato sairá “limpinho” da campanha presidencial do ano que vem. Segundo ele, “um conjunto de micos” vai atingir “violentamente” todos os nomes que se colocarem na disputa.

“É evidente que nessa campanha ningém sai com o paletó limpinho”, disse Ciro antes de participar da abertura do congresso estadual da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

O ex-ministro de Lula e Dilma fez a afirmação quando tentava explicar que uma parcela do eleitorado do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) deve migrar para sua candidatura quando a campanha estiver nas ruas.

“Há uma fração (dos eleitores de Bolsonaro) que está procurando nele autoridade, decência, integridade no sentido de não se disfarçar para ganhar voto mentindo. Essa parte (vai migrar), acredito, que quando começar o conjunto de micos que vêm contra todos nós”, disse.

Segundo ele, Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, deve ser alvo de ataques de adversários.

“Tem vídeos do Bolsonaro rindo desbragadamente de uma insinuação de zoofilia. Imagine isso transformado em um comercial pela turma que vai vir contra ele, é mortal”, afirmou.

Indagado sobre uma declaração feita na semana passada de que o momento político exige “testosterona”, interpretada como machista, Ciro se recusou a responder.

“Não falarei sobre isso. Tudo o que tinha que ser dito sobre o assunto já foi falado”.

Pouco depois, no entando, ao comentar a onde de “micos” que virá “violentamente” contra os candidatos a presidente em 2018, minimizou tanto a declaração da semana passada quanto uma frase dita na disputa presidencial de 2002, quando disse que a função da atriz Patrícia Pilar, então sua mulher, na campanha eleitoral era dormir com ele.

“Virão violentamente (os micos), mas o meu eleitor não vai ter que explicar nenhum mico. Porque não cometo. Você tem uma frase e tal (sobre testoeterona) que não foi definitivamente essa, que é uma mentira, e lá no passado, pela qual já me desculpei, foi 15 anos atrás. Eu tinha cabelo. E só o que tem a dizer de mim?”, argumentou.

O ex-ministro voltou a dizer que não se sentiria confortável em uma eleição com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o petista prestaria um “desserviço ao Brasil e a ele mesmo” se insistir em se manter na disputa, e revelou que Lula disse “milhões de vezes” que faria dele seu sucessor.

“Nunca acreditei mas ouvi dele milhões de vezes. Na frente de muitas pessoas, até de nossas respectivas mulheres à data. Ele cansou de dizer inclusive com muita emoção. Ele não estava querendo mentir propriamente. E eu sempre dizia para ele: ‘você não tem condição de bancar isso’. A natureza do PT não é apoiar ninguém”, afirmou.

Ciro participou pela oitava vez de um congresso estadual da CSB. Dos nove encontros realizados neste ano, ele só não foi em um, em Santa Catarina. A convite da central, que paga algom em torno de R$ 8 mil por palestra do ex-ministro, Ciro esteve nos congressos da CSB no Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e São Paulo.

Nestes eventos ele faz um diagnóstico da sitação brasileira e responde perguntas dos participantes. Segundo o presidente da CSB, Antonio Neto, a central costuma declarar apoio a candidatos nas eleições presidenciais mas ainda não se decidiu sobre quem vai apoiar em 2018. Isso não impediu que alguns dos participantes declarassem voto explicitamente a Ciro durante o evento.

CARIRI EM AÇÃO

Com Estadão/Foto: Alex Silva/Estadão

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