Campeão entre os homens, conscientização sobre câncer de próstata precisa evoluir

 O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que mais de 61 mil homens serão diagnosticados com câncer de próstata entre 2016 e 2017 – o que o torna o campeão entre todos os tipos incidentes nos homens (com exceção do câncer de pele não-melanoma), com quase 30% de todos os casos no Brasil. O tratamento evoluiu muito nos últimos anos, mas cerca de 25% dos pacientes ainda morrem devido a doença. Muitos, devido à demora em obter o diagnóstico. “Cerca de 20% dos pacientes ainda são diagnosticados em estágios avançados, embora, nos últimos anos, esse índice tenha diminuído. É uma doença silenciosa. Precisamos deixar de lado preconceitos e evoluir na prevenção e no diagnóstico”, afirma o oncologista Fernando Maluf, especializado na patologia.

A prevenção é simples e nada dolorosa. Segundo a SBU, homens a partir de 50 anos devem procurar um médico para fazer avaliação individualizada. “Já aqueles com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar antes, aos 45. Todo processo de rastreamento deve ser realizado após ampla discussão sobre os seus riscos e benefícios”, completa Maluf. Esse rastreamento se resume em um exame de sangue para detectar a presença de uma proteína, conhecida como PSA, antígeno prostático específico, que em excesso na corrente sanguínea pode indicar alterações na glândula, e o exame de toque retal.

Preconceito vs prevenção – Cerca de 40% dos diagnósticos de câncer de próstata são feitos por meio do PSA, outros 40% pelo PSA e toque retal e o restante detectado apenas no exame de toque. “Infelizmente, ainda existe muito preconceito associado ao exame de toque, o que faz com que muitos não busquem atendimento e a doença seja detectada apenas em um estágio bastante avançado”, conta o médico, um dos embaixadores da campanha Novembro Azul no país.

Uma das campanhas de conscientização para detecção precoce mais conhecidas no país, o Novembro Azul, tem como principal objetivo alertar os homens e quebrar os medos e preconceitos em relação à doença. “A origem deste movimento no Brasil é bastante triste. Um amigo de longa data – urologista e especialista na doença – acabou falecendo exatamente por causa do câncer de próstata. Foi uma luta árdua e perdida. Ele me deixou com a missão de mudar este cenário. Com isso, nasceu o Instituto Lado a Lado pela Vida e, logo depois, a campanha veio junto”, conta Marlene Oliveira, presidente da entidade. O instituto trouxe a ideia inicial da Austrália e incluiu o Brasil em um movimento que hoje se estende por mais de 20 países.

A campanha deste ano incluiu uma série de atividades que visaram conscientizar a sociedade por meio de informações sobre a importância da mudança de hábitos para a adoção de um estilo de vida mais saudável, focado na prevenção. “Todos os homens devem saber que é importante, além de buscar uma vida com qualidade, criar o hábito de acompanhar a sua próstata depois de uma certa idade. O diagnóstico precoce pode salvar a sua vida”, conclui Maluf.

Evolução no tratamento – Antigamente, até mesmo os tumores considerados pequenos e pouco agressivos eram tratados com radioterapia ou cirurgia, considerados procedimentos eficientes, mas invasivos. Hoje, somente os casos mais graves seguem esta linha de tratamento. Mesmo aqueles considerados sem chances de cura conseguem uma sobrevida significativa, com mais bem-estar, menos dores e menos complicações secundárias.

Entre as novidades recentes, podemos citar a enzalutamida, de uso oral, que é um inibidor da via de sinalização do receptor de andrógenos, utilizada para o tratamento do câncer de próstata metastático pré e pós-quimioterapia – o medicamento acabou de ser incorporado no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para pré-quimioterapia e estará disponível na rede privada a partir de janeiro de 2018. Para a indicação pós-quimioterapia, o medicamento já estava disponível nas Operadoras de Saúde desde janeiro de 2016. A enzalutamida é capaz de diminuir a proliferação e induzir a morte das células de câncer de próstata, com consequente redução do volume do tumor, conforme estudos realizados in vitro. “Os resultados dos estudos clínicos mostraram que o medicamento adiou por 18 meses o tempo mediano necessário para iniciar a quimioterapia. Um período significativo de tempo durante o qual os homens têm a sua doença controlada”, explica Machado Moura, diretor médico sênior para América Latina da Astellas Farma Brasil.

CARIRI EM AÇÃO

Com Assessoria /Foto: Google  

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