Estudo revela que há bebês com microcefalia sem visão, fala ou locomoção após 2 anos

Passados dois anos completos das primeiras crianças nascidas com microcefalia decorrente do vírus Zika, um estudo internacional revelou que alguns deles apresentam problemas mais graves no desenvolvimento físico e cognitivo. Entre as 19 crianças que participaram da pesquisa, a maioria delas apresenta limitação na visão, audição e no desenvolvimento motor. O estudo foi liderado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) com colaboração da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba e Ministério da Saúde do Brasil.

De acordo com o levantamento concluído no fim de dezembro de 2017, as crianças com idades entre 19 e 24 meses nascidas com microcefalia e a evidência de infecção congênita do vírus Zika enfrentam graves problemas de saúde e desenvolvimento. Os problemas incluem dificuldade de se sentar de forma independente, dificuldades para dormir e se alimentar, convulsões, além de problemas auditivos e de visão.

A pesquisa foi realizada no Nordeste do Brasil, onde a Zika afetou milhares de crianças nascidas de 2015 a 2016, através da infecção do vírus pela mãe. A Paraíba participou da pesquisa, devido à expressão na quantidade de casos suspeitos envolvendo a microcefalia através da Zika. De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, até novembro de 2017 a Paraíba já havia notificado 1.116 casos suspeitos de microcefalia relacionadas à infecção pelo vírus Zika.

“As crianças gravemente afetadas pelo vírus Zika estão muito longe dos marcos de desenvolvimento apropriados para a idade, e seus desafios estão se tornando mais evidentes à medida que envelhecem”, disse a diretora do CDC, Brenda Fitzgerald. “O acompanhamento contínuo de todas as crianças com exposição congênita à Zika é fundamental para entender o impacto total da infecção durante a gravidez e para apoiar essas famílias a longo prazo”, completou.

Os cientistas que trabalharam na pesquisa sobre o desenvolvimento em 19 bebês com microcefalia se basearam em avaliações clínicas diretas, entrevistas com cuidadores e revisão dos registros médicos. A pesquisa concluiu que, das 19 crianças:

  • 11 apresentaram indícios de possíveis desordens convulsivas;
  • 10 tinham problemas de sono;
  • 9 tiveram dificuldades de alimentação, como problemas de deglutição;
  • 13 crianças tiveram problemas de audição e 11 tiveram problemas de visão, como não responder ao som de um chocalho e não poder seguir um objeto em movimento com os olhos;
  • 15 crianças apresentaram deficiências motoras severas, incluindo incapacidade de se sentar de forma independente;
  • 14 crianças tiveram pelo menos três desses desafios, complicando seus cuidados;
  • 8 já haviam sido hospitalizados, sendo a bronquite/pneumonia o motivo mais comum de hospitalização (6 dos 8).

“À medida que as crianças nascidas afetadas pelo vírus Zika crescem, elas precisarão de cuidados especializados de vários tipos de prestadores de cuidados de saúde e cuidadores”, disse Georgina Peacock, diretora da Divisão de desenvolvimento humano e deficiência dos CDCs. “É importante que usemos essas descobertas para começar a planejar agora o cuidado a longo prazo e permanecer vigilantes nos esforços de prevenção da Zika nos Estados Unidos e em todo o mundo”, concluiu.

CARIRI EM AÇÃO

Com G1 /Foto:Dani Fechine/G1

Leia mais notícias em caririemacao.com, siga nossa página no Facebook, Instagram e Youtube e veja nossas matérias, vídeos e fotos. Você também pode enviar informações à Redação do Portal Cariri em Ação pelo WhatsApp (83) 9 9634.5791, (83) 9 9601-1162.