O presidente Michel Temer afirmou à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (18/01) que não autorizou o seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) a receber dinheiro ou negociar no seu nome. A declaração foi feita no documento no qual respondeu as 50 perguntas de investigadores que apuram supostas irregularidades na edição do chamado Decreto dos Portos.
“Nunca solicitei que o sr. Rodrigo Rocha Loures recebesse recursos de campanha ou de qualquer outra origem em meu nome”, disse Temer numa das respostas. O presidente acrescentou que não pediu ao ex-assessor que acompanhasse o decreto e negou saber que ele estaria sendo pressionado por empresários para conseguir benefícios com a edição do documento.
“Peço vênia para realçar a impertinência de tal questão, por colocar em dúvida a minha honorabilidade e dignidade pessoal”, criticou Temer nas respostas que foram enviadas por sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Loures é um dos principais personagens do escândalo que quase afastou Temer da Presidência por duas vezes. O ex-assesor foi flagrado em abril recebendo uma mala com 500 mil reais de um diretor da JBS, Ricardo Saud. O dinheiro, segundo a investigação da Polícia Federal, era de propina e teve o presidente como beneficiário. Loures seria o operador de Temer para assuntos ligados ao grupo. Ambos negam as acusações
O inquérito no qual Temer prestou depoimento, no entanto, apura se o presidente recebeu propina para editar o Decreto dos Portos, que teria favorecido a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos. Além de Temer, são investigados Loures e os donos da Rodrimar Antônio Celso Grecco e Ricardo Mesquita.
Nas respostas, Temer negou irregularidades no decreto, editado em maio do ano passado. O presidente disse que jamais foi procurado por empresários para tratar da edição do documento. Ele admitiu, porém, ter relação com Antônio Celso Grecco.
O interrogatório de Temer foi solicitado pelos delegados responsáveis pelo caso e autorizado pelo ministro Luis Roberto Barroso, relator da investigação, que tem como base documentos apreendidos na Operação Patmos e em escutas telefônicas de Loures.
Nos telefonemas, Loures articula com a Casa Civil para que o decreto beneficie empresas que obtiveram concessões de portos antes de 1993, como é o caso da Rodrimar, e comunica as alterações no texto do decreto a um diretor da empresa.
O pedido de abertura da investigação havia sido feito em junho pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em setembro, o STF autorizou o inquérito contra Temer e Loures, que são acusados de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro. Assim como o presidente, o ex-assessor nega as acusações.
Após a abertura do inquérito, a Rodrimar declarou que nunca recebeu qualquer privilégio e que o decreto atendeu a uma reivindicação de todo o setor de terminais portuários do país.
CARIRI EM AÇÃO
Com DW.com/Foto: Reprodução google
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