Amigo de Temer adia depoimento há 8 meses

O coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo e amigo do presidente Michel Temer João Baptista Lima Filho conseguiu adiar, ao longo de oito meses, as tentativas da Polícia Federal de ouvi-lo no inquérito que apura supostas irregularidades em decreto do setor portuário.

O interrogatório é importante para esclarecer, entre outras coisas, suspeitas sobre papéis apreendidos na casa e na empresa do coronel, um deles com referência a uma obra num imóvel de uma filha de Temer, e mensagens de celular enviadas por ele.

Nos últimos meses Lima Filho, que tem 74 anos, apresentou pelo menos três atestados médicos para dizer que não tem condições de ir à PF para prestar depoimento.

O primeiro atestado é datado de 29 de maio passado, emitido por um neurologista do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Onze dias antes, a empresa do coronel, a Argeplan Arquitetura, havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão emitido pelo Supremo Tribunal Federal a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

O médico afirmou que quase um ano antes, em junho de 2016, o coronel sofrera um “acidente vascular cerebral isquêmico” que provocara uma lesão, comprometendo “a força na mão direita e [causando] surgimento de movimentos distônicos involuntários”.

O acidente vascular demandava um “controle rigoroso do diabetes e hipertensão arterial, associado ao uso de anticonvulsivante”. Com o atestado, a oitiva foi adiada.

A PF tentou novamente ouvir Lima Filho em novembro último, marcando um depoimento para o dia 20. O escrivão da PF que atua no caso anotou que o coronel novamente não compareceu e que sua defesa estava providenciando a apresentação de um novo atestado médico.

Nesse documento, datado de 23 de novembro, o médico do Einstein afirmou que Lima Filho “precisou ser reavaliado antes do previsto”.

Antes do previsto porque, em 24 de julho, o médico tinha assinalado que o coronel deveria ser reavaliado “em 180 dias”, o que projetava uma data entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018.

Segundo o médico, porém, os planos mudaram pois Lima apresentou “sintomas gerais, cansaço, indisposição, picos de hiperglicemia”. Conforme o profissional, essa reavaliação ocorreu em outubro.

O médico escreveu também que foi localizada uma “nova hematúria”, um tipo de sangramento na urina, e “descompensação diabética”, o que levou o coronel a ser acompanhado por neurologista, urologista e endocrinologista.

“Ele está em acompanhamento ambulatorial mais intenso, deve repetir exames amanhã [24 de novembro] e reforço que deve evitar situações de estresse emocional e esforços físicos, como exercícios e deslocamentos como viagens”, escreveu o médico.

Ao enviar para a polícia esse atestado, a defesa disse que o coronel “ratifica que não está, sob qualquer aspecto, evitando comparecer para prestar os esclarecimentos […], comprometendo-se a fazê-lo oportunamente.”

Com Notícia ao minuto /Foto: Reprodução google

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